Enquanto a Corte Brasiliense vive num mundo paralelo, o mundo volta os olhares para o Iêmen
- Pedro Papastawridis

- 15 de jan. de 2024
- 3 min de leitura
Cerca de três anos atrás, o Blog do Papa havia publicado uma notícia a respeito da importância do Canal de Suez, que liga o Mar Mediterrâneo ao Mar Vermelho, para o comércio internacional. Na ocasião, esse canal havia passado por uma obstrução resultante do encalhe do navio cargueiro de bandeira panamenha e de propriedade da empresa taiwanesa de navegação Evergreen, o que criou muitos transtornos para algumas das principais cadeias globais de valor durante dias.
Agora, o mesmo Mar Vermelho sofre com uma nova ameaça à circulação marítima na região com impactos econômicos globais. Porém, o obstáculo agora é outro: os houthis, grupo de paramilitares que controla parte do Iêmen.
Quando pensamos em Oriente Médio, diversos países costumam surgir em nossos pensamentos: Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Israel, Líbano, Irã, Iraque, Síria, etc. Contudo, poucos são os que já ouviram falar do Iêmen, país com um território equivalente ao do estado da Bahia e com uma população superior a 32 milhões de habitantes.
Situado ao sul da Arábia Saudita e a menos de 30 quilômetros da costa africana, o Iêmen é considerado um país com algumas das terras mais férteis e das praias mais lindas do Oriente Médio. Diferentemente dos vizinhos Omã e Arábia Saudita, Iêmen dispõe de poucas reservas de petróleo, apesar de essa commodity ser o principal item de exportação do país.
Nos últimos anos, essa nação de tradições muçulmanas passou a ocupar destaque no cenário geopolítico local por conta da tomada de poder que os houthis vêm empreendendo em solo iemenita. Essa rebelião conta com o apoio financeiro, logístico e militar do Irã, país que busca exercer domínio geopolítico no Oriente Médio por meio de pesados investimentos domésticos em poderio bélico e do financiamento de grupos terroristas que operam em diversos países da região. O Hamas, que promoveu um massacre e o sequestro de centenas de pessoas em solo israelense em 07/10/2023, é um dos grupos terroristas que se somam aos houthis na rede estruturada e apoiada pelo governo de Teerã.
Com o apoio do Irã, a omissão dos vizinhos e sob os olhares interessados dos demais aliados de Teerã dentro do BRICS (clube de ditaduras e democracias vazias do qual o Brasil faz parte), os houthis vêm promovendo sucessivos ataques a embarcações que transitam pelo Mar Vermelho, aumentando os riscos da navegação comercial nessa região. Com isso, diversos operadores logísticos passaram a evitar essa região do Oriente Médio, encarecendo os gastos com seguros e fretes internacionais de uma boa parte do comércio mundial.
Em resposta à ameaça dos rebeldes iemenitas, Estados Unidos e Reino Unido vêm conduzindo operações militares na região com um duplo propósito: neutralizar a ação dos houthis e dissuadir Irã e seus aliados no BRICS de escalarem as tensões militares na região, que atualmente convive com a guerra entre Israel e Hamas e com a ação de grupos terroristas no Líbano, na Síria e no Iraque.
E como isso pode impactar a economia brasileira?
Considerados ativos estratégicos na tentativa do BRICS em asfixiar as economias do que os wokes chamam de "Norte Global" (Estados Unidos, Canadá, União Europeia, Reino Unido, Japão, Coreia do Sul, Austrália e Nova Zelândia), o petróleo e o gás natural tendem a sofrer com escaladas em seus preços, principalmente num contexto global em que o BRICS vem apoiando conflitos em algumas das principais regiões produtoras de hidrocarbonetos do mundo, casos do Leste Europeu, do Oriente Médio e da região entre Venezuela e Guiana. E aumento nos preços do petróleo e do gás natural representa aumento dos custos de produção de diversas cadeias de valor, gerando pressões inflacionárias nas principais economias mundiais.
No caso brasileiro, a elevação dos preços do petróleo e do gás impactará na inflação de custos local, o que aumentará o risco de estagflação a curto e médio prazos. Num país que vem passando desde 2014 por diversas crises causadas por escândalos de corrupção, pandemia de Covid-19 e presidentes incompetentes (com destaque para Dilma e Bolsonaro), um cenário de estagflação persistente detém o potencial de provocar distúrbios graves no já comprometido tecido social brasileiro. Portanto, a Corte Brasiliense precisa sair do mundo paralelo em que vive e começar a olhar pelos mais de 200 milhões de eleitores-contribuintes brasileiros neste momento crítico por que passa o Oriente Médio, antes que a economia brasileira seja afetada profundamente e o caos social se instaure em nosso país tal como no Equador.
Um forte abraço a todos e fiquem com Deus!





Comentários