Sobre o crescimento do PIB do Brasil em 2023 e o que esperar de 2024
- Pedro Papastawridis

- 4 de mar. de 2024
- 3 min de leitura
Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os dados de crescimento do produto interno bruto brasileiro (PIB) em 2023. Na comparação com 2022, o PIB do Brasil cresceu 2,9%, impulsionado pelo crescimento do setor de serviços (que responde por mais de dois terços da formação do PIB brasileiro) e pela alta expressiva de 15,1% da agropecuária. No total, nosso PIB ficou em R$ 10,9 trilhões em 2023, fazendo com que o Brasil figure entre as 10 maiores economias mundiais em termos nominais.
A respeito dos números supracitados, nota-se que o Brasil teve um crescimento superior a boa parte das economias desenvolvidas, porém modesto na comparação com o grupo de nações emergentes (China, Índia, Vietnã, etc.). Com isso, a maior economia da América Latina dá sinais de incapacidade em acompanhar o ritmo dos emergentes e de desfrutar da onda de investimentos que os países ricos vêm transferindo da China para outras partes do mundo nos últimos anos.
Para entender um pouco mais sobre o bonde internacional que o Brasil está perdendo, Estados Unidos e Canadá vêm injetando centenas de bilhões de dólares em investimentos na economia do México, a fim de reduzir a dependência industrial da China, que concentra boa parte dos processos das principais cadeias de valor globais. Na Europa, também já se discute a adoção de onshoring e nearshoring para reduzir tanto a dependência fabril da China quanto os riscos de navegação cada vez maiores na principal rota marítima que conecta a Ásia ao continente europeu (a travessia do Mar Vermelho). Para tanto, países como Alemanha, França e Reino Unido olham com cada vez mais simpatia para projetos industriais em partes periféricas europeias (Eslováquia, Romênia, Estônia, Letônia e Lituânia), além do Norte da África.
Por conta dos altos custos burocráticos locais, somados à insegurança jurídica crescente e aos gargalos logísticos ainda persistentes, o Brasil encontra sérias dificuldades em se afirmar como um “novo arranjo produtivo” para cadeias de valor lideradas por Estados Unidos e União Europeia. Ademais, a submissão geopolítica de Lula a regimes ditatoriais como China, Rússia, Venezuela e Irã tem afastado o interesse de economias desenvolvidas em parcerias estratégicas de longo prazo em solo nacional, indicando não querer repetir com o Brasil de Lula os mesmos erros de América do Norte e Europa em dependerem da China enquanto “fábrica do mundo”.
Colocar um punhado de dólares em projetos para preservação da Amazônia não é exemplo de parceria estratégica de longo prazo para países com capacidade trilionária de investimentos. Quando falamos em países do porte dos que compõem o G7 (Estados Unidos, Alemanha, Japão, Reino Unido, França, Itália e Canadá), colocar alguns milhões de dólares no Fundo Amazônia não chega nem perto da capacidade econômica transformadora que as nações ricas promoveram em países como China, Índia e Emirados Árabes Unidos. E o Brasil precisa despertar para essa realidade da dinâmica econômica que está deixando nosso país cada vez mais à margem do progresso global.
Considerando os constantes embates geopolíticos e militares entre BRICS e OTAN (o que tende a escalar os preços de commodities como petróleo e gás natural), uma possível invasão de China a Taiwan (ilha responsável por quase dois terços da produção mundial de semicondutores) e uma queda de produção agropecuária resultante dos efeitos do El Niño em solo brasileiro, 2024 está repleto de ingredientes capazes de zerarem o crescimento do PIB no Brasil e levar a inflação brasileira à casa dos dois dígitos. Basta que o governo Lula continue agindo com irresponsabilidade fiscal e o STF continue acumulando superpoderes e induzindo, assim, a insegurança jurídica em nosso país, que o Brasil de 2014 e 2015 voltará com força. Em outras palavras, ceteris paribus, 2024 no Brasil tem tudo para ser mais do mesmo Brasil de Dilma 2.
Um forte abraço a todos e fiquem com Deus!





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