Sem ordem, não haverá progresso. Somente retrocessos!
- Pedro Papastawridis
- 26 de jun. de 2023
- 3 min de leitura
Depois de quase 4 anos sem fazer viagens internacionais, este que lhes escreve aproveitou o final da Pandemia de Covid-19, uns dias de férias e um dinheiro economizado ao longo de meses para visitar a Espanha. E as impressões sobre o país de Cervantes neste pós-Pandemia foram as melhores possíveis, sobretudo pelas condições que o país proporciona para a prática do turismo em seu território.
Com um verão em que o sol se põe somente às 22h, milhares de quilômetros de malha ferroviária de alta velocidade e com cidades de médio e grande portes seguras e com excelentes serviços turísticos, Espanha recebe todos os anos milhões de turistas de todas as partes do mundo, atraindo investimentos para o setor turístico local e gerando bilhões de euros em receitas e milhões de empregos por toda a cadeia de valor do turismo espanhol.
Diversos fatores além do descrito acima também ajudam a explicar esse caso de sucesso que representa a indústria do turismo na Espanha. Todavia, um elemento considerado crucial para esse sucesso é a sensação de segurança que pessoas e empresas possuem em relação ao país ibérico. Em cidades como Madri e Málaga, por exemplo, as pessoas circulam tranquilamente pelas regiões centrais nos mais diversos momentos do dia. Com isso, não só elas se sentem à vontade para saírem e gastarem em bares, restaurantes, comércio e serviços turísticos locais, mas também recomendam esses destinos para outras pessoas em suas famílias, trabalhos e, até, nas redes sociais.
Quando analisamos a situação espanhola e comparamos com a realidade do setor do turismo no Brasil, vemos que, apesar do enorme potencial turístico que possuímos, ainda estamos muito aquém dos espanhóis em termos de turistas recebidos e de gasto médio dos visitantes em nosso país. E a sensação de segurança (ou a ausência dessa sensação no caso brasileiro) ajuda a explicar o baile que levamos dos espanhóis no setor econômico aqui analisado.
Ao circularmos pela região central das duas principais cidades brasileiras (São Paulo e Rio de Janeiro), é comum nos depararmos com espaços públicos abandonados e vandalizados, isso sem falar nos altos índices de criminalidade que essas regiões possuem. Do tráfico de drogas na Cracolândia paulistana aos constantes assaltos e atos de vandalismo a espaços públicos na Lapa carioca, são poucos os turistas que se propõem a planejarem uma viagem em família para conhecerem essas duas regiões. E quando decidem conhecer esses locais, sempre fica a sensação de insegurança no ar que atrapalha o passeio, visto que nem cabines de polícia se livram da ação de vândalos nesses locais, como vemos na foto de capa desta postagem no caso de uma cabine da PMERJ situada na Lapa e a poucos metros do quartel-general da própria PMERJ.
Tempos atrás, a Universidade de Stanford (Estados Unidos) promoveu um experimento de Psicologia Social no qual deixou em duas regiões socialmente distintas do território ianque (Bronx, área modesta de Nova Iorque, e Palo Alto, zona rica da Califórnia) um carro abandonado. Num primeiro momento do experimento, o veículo era deixado nesses locais sem quaisquer sinais de vandalismo. Nesse caso, o veículo permaneceu intacto na região mais abastada (Palo Alto), enquanto foi rapidamente vandalizado na região mais humilde (o Bronx).
Para os pesquisadores envolvidos nesse experimento, a condição social ajudaria a explicar a diferença nos resultados apurados nesse primeiro momento. Mas era insuficiente para explicar a origem e a escalada da criminalidade em sentido amplo. Foi aí que revolveram repetir o experimento em Palo Alto, dessa vez deixando o mesmo veículo com uma janela quebrada. Foi quando o que aconteceu no Bronx se repetiu na área rica da Califórnia.
Seja por questões de psicologia humana, seja por conta das relações sociais, a janela quebrada indica para quem transita pelo local em que o veículo se encontra que o local pode estar passando por um processo de abandono. E isso acaba funcionando como gatilho para a escalada da criminalidade na região. Logo, o que era um local sociável se torna insuportável. E essa desordem acaba por afugentar negócios, empregos, renda e prosperidade. É essa teoria das janelas quebradas que ajuda a explicar por que a Espanha atrai muito mais turistas e investimentos correlatos que nosso país, apesar da vastidão territorial e das diversidades natural, histórica e cultural de que dispomos.
Sem ordem, não haverá progresso, caros leitores! E ordem pressupõe segurança para cidadãos irem e virem e empresas investirem. Sem isso, só resta o retrocesso social. E não adianta a classe política brasileira relativizar a questão da segurança, sobretudo quando sabemos que muitos de nossos políticos quando querem gastar o que auferiram à custa do erário brasileiro preferem ir para Estados Unidos e Europa, onde a segurança não é relativizada e o povo brasileiro está distante milhares de quilômetros. Atentai, Brasil, pois tolerância zero com o crime significa ordem e ordem é progresso!
Um forte abraço a todos e fiquem com Deus!
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