O fantasma da inflação de 2015 bate à porta em 2020
- Pedro Papastawridis

- 23 de out. de 2020
- 2 min de leitura
O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), medido e divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), dá sinais de que o fantasma da inflação que assustou o país em 2015 retornará ainda este ano. O IGP-M já acumula alta de 20,56% até a segunda prévia de outubro e se estima o fechamento do índice em 2020 com uma variação entre 19% e 20%.
Para quem não sabe o que é o IGP-M, trata-se de um índice inflacionário que serve como referência para o reajuste de diversos tipos de contratos, tais como: mensalidades escolares, tarifas de energia elétrica, aluguéis de imóveis, etc. Dessa forma, ele acaba impulsionando a trajetória de custos de bens e serviços que, direta ou indiretamente, afetarão o custo de vida das famílias na ponta da economia.
Um exemplo de como o IGP-M antecipa movimentos inflacionários na ponta da economia vemos na formação de preços de serviços como educação e saúde. Se o IGP-M sofre uma variação muito grande, acaba pesando nas despesas de estabelecimentos educacionais, clínicas e hospitais que operam em espaços alugados. Somado a isso, tem-se a elevação do gasto desses estabelecimentos com energia elétrica e com insumos que têm sua variação influenciada pelo referido índice. Com isso, o serviço que é ofertado ao consumidor final acaba encarecendo. E esse encarecimento acaba se refletindo também no IPCA (que aponta a variação do custo de vida de famílias com renda mensal de 1 a 40 salários mínimos) e no INPC (que aponta a variação do custo de vida de famílias com renda mensal de 1 a 5 salários mínimos).
E o que explica essa oscilação identificada pela FGV no IGP-M?
Pois bem. Com a pandemia de Covid-19, a oferta internacional de diversos insumos que atendem as cadeias produtivas brasileiras foi reduzida. Ademais, a valorização do dólar e do euro encareceu os custos de produção de diversos itens que possuem grande dependência de insumos importados, como é o caso de medicamentos, produtos de limpeza e higiene, fertilizantes utilizados na produção de alimentos e artigos de informática e telefonia. Com isso, as cadeias de valor que atendem as principais necessidades da população brasileira acabam sofrendo os impactos da inflação de custos.
Diante do exposto, o momento exige cautela e disciplina financeira por parte das famílias e respostas econômicas mais efetivas do Poder Público que vão muito além de mera retórica para agradar e atrair investidores. O peso da recessão já tem sido grande para a população, o que se reflete no crescimento do desemprego e do subemprego Brasil afora. Caso essa recessão seja turbinada por um cenário de inflação a curto e médio prazos, o resultado para a economia brasileira e o bem-estar da sociedade será catastrófico. Portanto, Bolsonaro e Paulo Guedes precisam falar menos e agir mais em prol do povo. Caso contrário, é melhor Jair se acostumando com a venezuelização socioeconômica do Brasil.
Um forte abraço a todos e fiquem com Deus!





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