top of page

Num mundo cada vez mais digital, o “Complexo de vira-lata caramelo” ainda persiste

  • Foto do escritor: Pedro Papastawridis
    Pedro Papastawridis
  • 30 de jul. de 2020
  • 2 min de leitura

Ontem, em meio à repercussão que o advogado Augusto Aras teve ao criticar e levantar dúvidas sobre a força-tarefa da Lava Jato, uma notícia ganhou destaque na imprensa e nos memes das redes sociais. Trata-se da iniciativa do Banco Central de lançar uma nota de 200 reais, que terá o logo-guará estampado na nova cédula a partir de agosto.

Num mundo cada vez mais digital e considerando o atual cenário de pandemia de Covid-19 no Brasil, onde o risco de deflação se mostra maior do que o de uma hiperinflação, pensar no lançamento de uma cédula de 200 reais soa ilógico aos olhos do senso comum. Afinal de contas, qual é o percentual populacional de brasileiros que circulam rotineiramente com 200 reais ou mais para justificar essa medida?

Além do custo desnecessário de impressão de cédulas, principalmente num momento em que o foco do país deveria estar em minimizar os impactos socioeconômicos da Covid-19, a circulação de cédulas de maior valor facilitará a lavagem de dinheiro e a evasão de divisas, pois tornará as malas e as mochilas de dinheiro dos meliantes mais “leves”, e contribuirá para o desestímulo de alguns setores da sociedade em manter recursos no sistema financeiro ou operar com meios de pagamento digitais, que são mais ágeis e de mais fácil controle transacional por empresas e pelo próprio governo.

Observando a experiência internacional, com destaque para países como Índia, China e Suécia, o emprego de moeda em suporte físico vem sendo gradativamente substituído por meios digitais, como maquininhas de cartão de crédito e aplicativos de celular. Na índia, inclusive, houve um movimento recente do governo local de retirar de circulação suas duas maiores cédulas em valor, as de 500 e 1.000 rúpias.

Ademais, não podemos esquecer das moedas digitais em sua essência, como as criptomoedas, que já são aceitas em alguns estabelecimentos e transações financeiras de países como Suíça, Holanda e Malta. Gostando ou não gostando do Bitcoin e demais criptomoedas, elas são uma realidade cada vez mais presente no ambiente econômico, devendo os bancos centrais monitorarem e atuarem de maneira tempestiva na regulação e fiscalização desses ativos.

Diante do exposto até aqui, remar no sentido contrário da digitalização da economia não só torna o trabalho da autoridade monetária nacional mais árduo, como facilita práticas delitivas de lavagem de dinheiro e reforça o “Complexo de vira-lata caramelo” que algumas “excelências” tupiniquins possuem em relação ao modelo socioeconômico e à cultura do país. Portanto, priorizemos o que é prioritário, usemos a tecnologia de pagamentos para facilitar a vida das pessoas, de empresas e governos e deixemos o lobo-guará preservado no cerrado, e não numa nota de 200 reais!

Um forte abraço a todos e fiquem com Deus!

Comentários


Não é mais possível comentar esta publicação. Contate o proprietário do site para mais informações.
Logomarca 1.jpg

©2020 por Pedro Papastawridis em: Blog do Papa (blogdopapa.com).

bottom of page