No país das mais de 500.000 mortes por Covid-19, a Lei tem que valer para todos e do mesmo jeito
- Pedro Papastawridis

- 22 de jun. de 2021
- 3 min de leitura
Enquanto este texto é redigido, a CPI da Pandemia recebe o Deputado Federal Osmar Terra (MDB/RS) para prestar esclarecimentos sobre o tal “Ministério da Saúde Paralelo” que assessorou Jair Bolsonaro durante a pandemia de Covid-19. Como era de se esperar, Terra tenta convencer os integrantes da CPI de que as ações adotadas pelo Governo Federal se espelharam nas “melhores práticas” adotadas na Suécia, esbarrando somente no fato de que o STF, governadores e prefeitos não aderiram em massa a tal tese da “imunidade de rebanho”.
Seria cômico assistir a esse show de horrores em defesa do indefensável. Mas é muito trágico para o Brasil e os brasileiros, pois estamos falando de uma estratégia de darwinismo social que já resultou em mais de 500.000 mortes por uma doença e que continua matando a uma média diária de quase 2.000 brasileiros. Ao defenderem tratamentos com ineficácia comprovada cientificamente e uma imunidade de rebanho, figuras como Osmar Terra, Girão, Heinze e o próprio Clã Bolsonaro revelam o total menosprezo pela população brasileira, na medida em que tratam esta como um “rebanho”.
Ao mesmo tempo em que ocorre o depoimento de Osmar Terra à CPI da Pandemia, o Brasil convive com uma caçada policial ao assassino em série Lázaro Barbosa, que já se estende por duas semanas. Lázaro, conhecido por suas habilidades com o manejo de armamentos e incursões na mata, vem dando um baile tático num aparato policial composto por centenas de agentes das mais diversas forças policiais que atuam no entorno do Distrito Federal e de Goiás.
Se Lázaro será capturado, só o tempo dirá. Mas chama a atenção que a perplexidade que a população e diversos veículos de comunicação assumem em relação ao caso do serial killer não se observa em relação à opressão causada pela corrupção, pelo acordão e pelos conchavos políticos que se perpetuam nos bastidores do poder em nosso país.
Se Lázaro é uma chaga que evidencia o despreparo de nossas forças de segurança e de nosso sistema penal em prender, punir e manter marginais atrás das grades, a velha política, que trata o povo brasileiro como um rebanho a ser domesticado e explorado, é um câncer que insiste em se espalhar por todo o organismo social brasileiro. E esse câncer também estimula o surgimento de outras moléstias e chagas que se replicam com velocidade e intensidade cada vez maiores.
Quando políticos da extrema-esquerda à extrema-direita se aliam para desidratar o Pacote Anticrime proposto por Sérgio Moro e neutralizar o trabalho investigativo do Ministério Público e das polícias contra esquemas do colarinho branco, não produzem um escudo somente para seus próprios interesses. Também produzem mecanismos jurídicos que ajudam organizações criminosas e marginais que atuam nas ruas de todo o Brasil a escaparem de uma punição exemplar. Por isso, relativizar a ação ou omissão de vagabundos em função de sua condição político-econômica só contribui para estimular a atuação de mais e mais Lázaros por todo o país. Até chegar um momento em que o Brasil se tornará uma grande selva ignorada pelo resto do mundo, já que o mundo civilizado vive sob o império da Lei e da ordem.
Pensem nisso e não permitam que se passe pano para vagabundos em função de grana e/ou afinidade político-ideológica. E quem tiver pena de quem não tem pena da sociedade, que leve os meliantes para dentro de casa e cuide bem deles, pois o todo não pode pagar a conta da hipocrisia e permissividade de alguns.
Um forte abraço a todos e fiquem com Deus!





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