Liberdade de expressão não é liberdade para transgressão, tampouco pretexto para opressão!
- Pedro Papastawridis

- 2 de jan. de 2024
- 3 min de leitura
Para quem sentiu saudade deste blog, parece que as últimas semanas de dezembro duraram meses, tamanha foi a quantidade de eventos que ganharam destaque (ou deveriam ganhar) no noticiário nacional. Da aprovação de uma incipiente reforma tributária até a última sexta-feira de dezembro de caos na mobilidade urbana carioca, o fim de ano do brasileiro foi um verdadeiro teste para cardíaco.
Contudo, nenhum assunto causou tanta repercussão e comoção no final de 2023 quanto o episódio envolvendo a campanha de desinformação impulsionada pelo blog de notícias aleatórias Choquei e que resultou no suicídio da jovem Jéssica Vitória Canedo.
Para os que desconhecem a história do Choquei, trata-se de um blog cuja origem remonta ao universo das fofocas sobre celebridades, mas que ganhou notoriedade ao longo de 2022 por conta do agitprop (agitação e propaganda) de que se valeu para ganhar engajamento e, assim, ajudar a promover a campanha de Lula contra Bolsonaro nas eleições presidenciais do ano passado. Com o sucesso da empreitada, o administrador do Choquei passou a fazer parte da rede de influenciadores alinhados à dupla Lula e Janja, operando como uma espécie de “satélite da Secom” em defesa de pautas do interesse do Governo Federal nas redes sociais.
Sob as bênçãos de Lula e Janja e integrando um time de influenciadores que envolvem figuras do naipe de Felipe Neto e dos wokes da Rede Globo de Televisão, o Choquei passou a defender diversas narrativas em prol da Presidência da República, da taxação sobre compras internacionais de pequeno valor até a defesa do Projeto de Lei n° 2630/2020 (que visa à regulação das redes sociais e abre caminho para a censura prévia nessas plataformas digitais). Com isso, Choquei, Felipe Neto e Globo passaram a ser conhecidos como uma espécie de “Gabinete do Ódio lulopetista”, numa analogia com o grupo de assessores bolsonaristas que operavam narrativas nas redes sociais em defesa do então presidente Jair Bolsonaro.
O ápice do misto de falta de caráter pessoal e ausência de critérios jornalísticos éticos e sérios por parte do Choquei foi a campanha mentirosa envolvendo suposto relacionamento entre Jéssica Canedo e o influenciador Whindersson Nunes. Mesmo Jéssica vindo a público negar tal relacionamento e afirmar se tratar de uma mentira promovida por perfis de fofocas em redes sociais, Choquei ignorou as manifestações de Jéssica e ainda agiu com sarcasmo em relação à nota publicada pela jovem, que vinha sofrendo com um quadro depressivo. Com isso, a depressão de Jéssica se agravou e a jovem de 22 anos acabou cometendo suicídio no último dia 22 de dezembro.
Após o episódio, Choquei cessou as publicações aleatórias nas redes sociais. No entanto, a Internet não perdoa e registros da campanha de desinformação contra Jéssica Canedo estão em posse das autoridades policiais, que investigam os responsáveis pelo Choquei por crime doloso de incitação ao suicídio.
Quanto ao governo para o qual Choquei servia de apêndice nas redes sociais, a morte de Jéssica serviu tão somente de palanque para a escalada no intento de regular e promover a censura prévia nas plataformas digitais. A questão que fica é se tal empreitada típica de um projeto ditatorial encontrará ressonância no que ainda resta de Poder Legislativo independente, ou se contará com alguma jurisprudência casuística com força de Lei oriunda do Supremo Tribunal Federal (STF).
Enquanto isso, a família de Jéssica chora e o Brasil se solidariza com a dor dos familiares da jovem, além de clamar por justiça contra o Choquei. Afinal de contas, a impunidade crescente em nosso país vem causando revolta na sociedade acerca da escalada da insegurança resultante dessa impunidade que atenta não só contra a vida das pessoas, mas sobretudo contra o próprio tecido social brasileiro, pois valores essenciais a uma sociedade organizada e civilizada vêm sendo desconstruídos e destruídos pelo menosprezo à Lei e à ordem.
Liberdade de expressão não é liberdade para transgressão, tampouco pretexto para opressão, caros leitores! Portanto, que se punam os transgressores no caso Choquei, mas sem usar isso como estratagema para cercear a liberdade de expressão, pois idiotas úteis como o Choquei são a isca de que o consórcio de poder Lula-Lira-Pacheco-STF se utiliza para implantar uma autocracia nos moldes russos em nosso país.
Um forte abraço a todos e fiquem com Deus!





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