Guerra da Rússia contra a Ucrânia: um saco de adubo vale mais que estar do lado certo da história?
- Pedro Papastawridis

- 3 de mar. de 2022
- 3 min de leitura
Em 14/02/2022, este que lhes escreve fez uma breve análise do conflito que estava por vir entre russos e ucranianos, destacando os possíveis impactos socioeconômicos desse conflito para o Brasil. E um dos pontos abordados no texto dizia respeito à dependência que o Brasil possui de insumos agropecuários vindos do Leste Europeu, caso dos fertilizantes utilizados pelo nosso setor agrícola para impulsionar a produção das lavouras brasileiras.
Passados 17 dias da publicação do artigo supracitado, cá estamos assistindo a uma escalada militar dos russos em solo ucraniano, bombardeando cidades, instalações e pessoas. Ceteris paribus, essa guerra, que Vladimir Putin evita chamar de guerra, tende a reproduzir em solo ucraniano o mesmo caos social causado pelo Holodomor de Joseph Stalin nos anos 1930. Só que, agora, falamos de quase 43 milhões de ucranianos que podem perecer por conta de mais um projeto de poder ditatorial sediado em Moscou.
Enquanto Vladimir Putin e seus generais comandam de Moscou o avanço de tropas russas em direção a Kiev, de maneira a destituir do poder um presidente democraticamente eleito e colocar um fantoche moscovita governando o território ucraniano, o “eixo das democracias”, liderado por União Europeia e Estados Unidos, tenta asfixiar economicamente negócios e oligarcas russos.
No campo da diplomacia, esse mesmo eixo vem tentando convencer países que se colocam como neutros na guerra de que não pode haver neutralidade num confronto que ameaça a existência do povo ucraniano e que, futuramente, pode ameaçar a autodeterminação e soberania de outros povos, bem como a prevalência global de valores como liberdade, igualdade e fraternidade.
A esta altura, alguns se perguntarão o que o Brasil tem a ver com isso, apesar dos impactos socioeconômicos de uma guerra para um país como o nosso, tão interdependente e interligado com o resto do mundo. E a resposta é: tem tudo a ver, pois fazemos parte deste mundo em que valores como liberdade, igualdade, fraternidade e democracia foram conquistados à custa de muito suor, sangue e lágrimas!
O mesmo Brasil que atualmente é governado por alguém que se comporta como gerente de suprimentos agrícolas participou dos esforços de união das nações após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), sendo um dos Estados-membros fundadores da Organização das Nações Unidas (ONU). Em vista disso e das frequentes contribuições do Estado brasileiro com iniciativas globais de pacificação de conflitos, a nossa diplomacia é uma das mais qualificadas e respeitadas do mundo. E essa reputação não se construiu, tampouco deve ser destruída, à base de ureia e potássio.
Falar em neutralidade enquanto manifesta solidariedade ao agressor e ignora os apelos da vítima é o mesmo que ser cúmplice do criminoso. E o Brasil não é uma linha auxiliar de Putin, Trump, ou quaisquer outros projetos de ditadores riodaspedrianos. O Brasil é uma nação soberana e fraterna, sendo a cooperação entre os povos para o progresso da humanidade um dos princípios que regem a nossa república.
À luz do exposto, o povo brasileiro não pode tolerar que fantoches ideológicos como Bolsonaro e Lula submetam a diplomacia brasileira a ideologias, fertilizantes e rações que alimentam os rebanhos de empresários amigos. Enquanto uns enriquecem em meio às crises, muitos morrem bombardeados na Ucrânia e de fome no Brasil. E 210.000.000 de brasileiros não devem pagar a conta da vergonha e do isolamento internacionais por causa de “solidariedades” entre projetos de facínoras.
Um forte abraço a todos, paz na Terra aos seres humanos de boa vontade e fiquem com Deus!





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