Eleições nos Estados Unidos: o que está em jogo para o Brasil?
- Pedro Papastawridis

- 3 de nov. de 2020
- 3 min de leitura
Hoje, ocorrem as eleições para Presidente dos Estados Unidos, referentes ao período 2021-2024. Mais do que uma eleição que definirá quem conduzirá os destinos da maior economia do mundo para o próximo quadriênio, o novo presidente ianque terá pela frente a liderança de uma nação que busca se recuperar da pandemia de Covid-19 e a retomada da presença americana em espaços geopolíticos cada vez mais ocupados por China e Rússia.
No caso do Brasil, a eleição de Donald Trump ou Joe Biden definirá o grau de isolamento que a nação tupiniquim terá em relação ao resto do mundo nos próximos anos. Com os constantes embates entre Jair Bolsonaro e parceiros estratégicos à economia brasileira como Argentina, China e União Europeia, há o risco de a maior economia da América Latina também se distanciar dos ianques nas tratativas envolvendo temas como meio ambiente, defesa militar, tecnologia, biotecnologia e comércio exterior. Basta que Donald Trump não consiga ser reeleito, que Jair Bolsonaro terá que buscar outra estratégia diplomática para evitar que o Brasil caminhe para se tornar um pária internacional.
Ainda em relação ao caso brasileiro, a submissão automática aos interesses ianques têm custado caro para a economia brasileira: além do crescente aumento do déficit na balança comercial com os Estados Unidos, o Brasil vem assumindo o risco de perder um acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia que vem sendo costurado há anos. Somado a isso, vemos a China buscando alternativas comerciais aos produtos que costuma comprar da nação brasileira, como gêneros agropecuários, o que reduzirá a médio e longo prazos o volume de exportações brasileiras desses itens para o maior parceiro comercial tupiniquim. Num momento em que o nosso país vivencia um cenário de estagflação e uma crise sanitária, seria fatal para os negócios brasileiros perder ao mesmo tempo relevância comercial com China, União Europeia e os Estados Unidos por mero viés ideológico.
E o que o Brasil pode fazer para se blindar dos impactos da eleição que ocorre hoje nos Estados Unidos? Como lidar nos próximos anos com um possível distanciamento das maiores economias do mundo, caso Joe Biden seja eleito e Bolsonaro persista com seu projeto bananeiro de perpetuação no poder, ainda que sem os pés de Donald Trump para Jair Messias massagear? As respostas estão na diplomacia profissional, não naquela promovida pelo ajudante de ordens Ernesto Araújo: isenção, respeito e cordialidade nas relações com parceiros comerciais internacionais.
Um caso prático de país que assume essa postura de isenção, respeito e cordialidade no trato com diversos parceiros comerciais é o Chile. Limitado geograficamente por desertos e cordilheiras, o Chile dispõe de poucos recursos naturais e carece de terra para produzir gêneros alimentícios de interesse de sua população. Além disso, a indústria chilena não é diversificada o bastante para atender o atual padrão de consumo que possui, o que faz com que a nação andina busque nas relações internacionais a satisfação de suas necessidades por bens e serviços. Como consequência disso, o Chile adotou uma postura de pragmatismo no plano global, promovendo diversos acordos comerciais com países que representam mais de 90% do PIB mundial. O resultado desse pragmatismo vemos no progresso econômico chileno, que, apesar das mazelas sociais ainda existentes, serve de modelo de relações comerciais para os demais países da América do Sul.
Diante do exposto, o momento é de acompanhar o resultado das eleições nos Estados Unidos e cobrar uma postura menos ideológica e mais pragmática do governo brasileiro na diplomacia e nas relações comerciais com os demais países do mundo. Caso contrário, o Brasil correrá o risco de seguir a mesma trajetória de isolamento mundial e de desagregação socioeconômica que países como Venezuela, Irã e Turquia vêm experimentando, fruto de charlatanismos políticos que se apropriaram do poder nesses países nos últimos anos.
Um forte abraço a todos e fiquem com Deus!





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