Dia Mundial da Poupança e a importância de ser mais formiga e menos cigarra
- Pedro Papastawridis

- 28 de out. de 2020
- 2 min de leitura
Estudo promovido pela empresa de gestão e recuperação de créditos Intrum aponta que a pandemia de Covid-19 vem afetando a capacidade de poupança das famílias em diversas partes da Europa.
O estudo em questão, divulgado no âmbito do Dia Mundial da Poupança (31 de outubro), revela que 48% dos portugueses estão poupando menos durante a pandemia de Covid-19, consequência direta de fatores como a escalada do desemprego e da perda de renda. O percentual está acima da média europeia (39%) e é mais que o dobro do país em que as famílias foram menos atingidas em sua capacidade de poupar, a Dinamarca (18%).
Quando olhamos para os números acima e pensamos em nossa realidade nacional, notamos como a falta de propensão a poupar vem prejudicando a recuperação econômica do Brasil. Enquanto países com tradição de poupança entre os cidadãos e com fundos soberanos demonstram maior resiliência em meio à pandemia de Covid-19, casos da China e Cingapura, o Brasil vem pagando o preço da incapacidade de poupar com o crescente endividamento soberano, com a escalada da inflação e com a retração de investimento estrangeiro direto. E quem paga a conta dessa conjunção de fatores em nossa economia é a massa trabalhadora, que vê o desemprego aumentar, a renda média diminuir e o custo de vida piorar.
Entretanto, deixar de ser devedor e passar a ser poupador não é só uma questão de querer. Também é uma questão de planejamento e disciplina financeira. E no caso do Brasil a situação é bem delicada, pois o país carece de uma cultura de austeridade financeira tanto entre o brasileiro médio quanto no Poder Público. Um exemplo disso vemos na ausência de boas práticas financeiras bem simples entre grande parte da população, como montar um orçamento familiar mensal e procurar gastar menos do que ganha, e na dificuldade que a Administração Pública ainda possui de calcular os custos unitários dos serviços que presta e cortar gastos não essenciais.
Para mudar esse estado de coisas e pensar num futuro mais próspero e confortável financeiramente, famílias e governos precisam pensar e agir como formigas, pois essa é a chave do sucesso de organizações com excelência em gestão. E não é preciso contratar um diretor financeiro, um administrador, ou um contador para tanto. É preciso encarar o problema de frente, colocar no papel o quanto entra e o quanto sai da carteira todos os meses e promover um enxugamento de gastos. Ou isso, ou aumentar a receita. Porém, o momento mundial é de cautela, o que demanda dar um passo menor que as pernas no curto prazo e trabalhar em paralelo para desenvolver novas competências a longo prazo.
Agindo dessa forma, os gastos gradativamente começam a caber no orçamento e o endividamento diminui. Até chegar num momento em que estará sobrando um dinheirinho. Daí, é continuar agindo como formiguinha, poupando de pouquinho em pouquinho para desfrutar no longo prazo de segurança financeira. Ou isso, ou passar frio e fome no inverno, tal como a cigarra da fábula de Esopo recontada por La Fontaine.
Um forte abraço a todos e fiquem com Deus!





Comentários