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Brasil: o país em que o eleitor-contribuinte chora e o tweet do General não vê

  • Foto do escritor: Pedro Papastawridis
    Pedro Papastawridis
  • 17 de fev. de 2021
  • 3 min de leitura

No país em que milhares de pessoas morrem no trânsito todos os anos e assassinos continuam dirigindo; em que o Poder Público pede para as pessoas ficarem em casa e elas vão pular Carnaval; e onde a política é o porto seguro de milhares de criminosos, falar em impunidade já virou lugar comum. O que dirá quando nos referimos à prisão de um parlamentar da base aliada de um governo que costura acordos contra o combate à corrupção e em favor da impunidade.


Ontem (16/02/2021), o deputado federal Daniel Quem (PSL-RJ) teve sua prisão decretada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), após publicar um vídeo no qual defendia a destituição de ministros do STF e o Ato Institucional nº 5, um dos instrumentos de repressão mais lesivos aos direitos fundamentais no Brasil durante a Ditadura Militar (1964-1985).


Sobre o AI-5, muitos milicos, vivandeiras e militantes de extrema-direita o tratam como algo banal. Mas estamos falando de um dispositivo imposto pela Ditadura Militar para restringir liberdades individuais, perseguir opositores políticos e punir sumariamente quem contestava o regime vigente. Por causa dele, milhares de pessoas foram presas, torturadas e assassinadas.


Mas isso parece não importar muito para uma militância que idolatra facínoras como Trump, Pinochet, Stroessner ou Ustra. Para essa militância, o bom é viver numa ditadura e ser submisso a um falso profeta fantasiado de vagabundo presidente, defendendo a todo momento a ressureição dos anos de chumbo para perseguir e oprimir quem discorda da visão estreita de mundo que a extrema-direita alimenta, modus operandi similar ao que vimos na militância de extrema-esquerda durante os 13 anos de lulopetismo, diferenciando-se somente pelos facínoras que a extrema-esquerda idolatra (Stalin, Fidel e Pol Pot).


Mas voltemos ao caso do deputado Daniel Quem. Sua ficha corrida fala por si só e cabe apresentá-la para quem não a conhecia até o momento: segundo o G1, quando era PM, Daniel Silveira recebeu 60 sanções disciplinares, ficou 26 dias preso e 54 dias detido. Além disso, Daniel Quem teve 14 repreensões e duas advertências da corporação, “ficando cristalina sua inadequação ao serviço policial militar”, conforme registros documentais da PMERJ, que também falam em “ausência de compromisso” com a função.


Com um histórico desses e apoiado por uma militância que se assemelha às milícias do Ecko, Daniel Quem deveria apodrecer atrás das grades. Porém, estamos no Brasil e o corporativismo do Congresso Nacional falará mais alto, vindo a liberá-lo da prisão por omissão com o interesse público, tal como vem ocorrendo com a deputada federal e liderança evangélica Flordelis (PSD-RJ), que responde a processo por mandar assassinar o próprio marido e que foi acusada por testemunhas de manter relações sexuais com os próprios filhos.


Diante do exposto, não é de se esperar muita coisa de onde não há nada a oferecer. É grande o risco de Daniel Quem ser solto por decisão de seus pares da Câmara dos Deputados, sobretudo os deputados bolsonaristas e parlamentares de linhas auxiliares como o Partido Novo. E grande a chance de que isso retroalimente as rupturas que a impunidade vem impondo à harmonia social, à retomada do desenvolvimento econômico nacional e ao Estado Democrático de Direito brasileiro.


Um forte abraço a todos e que Deus abençoe o que ainda resta deste país cada vez mais caracterizado como a “Terra da Impunidade”, onde o eleitor-contribuinte chora e o tweet do General não vê.

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©2020 por Pedro Papastawridis em: Blog do Papa (blogdopapa.com).

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