Bolsonaro e a “Revolução dos Neoconservadores” no Brasil e nos Estados Unidos de Trump
- Pedro Papastawridis

- 8 de jan. de 2021
- 4 min de leitura
Insanidade não é querer fazer diferente do mesmo, mas sim fazer as mesmas coisas esperando resultados diferentes. Alguém disse isso há muito tempo e continua valendo no mundo atual, no qual o avanço de projetos autoritários de poder de extrema-esquerda e extrema-direita sobre a democracia ocidental retoma força. E o caso mais recente dessa escalada autoritária que testa, provoca, desconstrói e tenta destruir instituições e valores democráticos vimos nos Estados Unidos de Donald Trump na última quarta-feira (06/01/2021).
Por sua vez, vemos em solo tupiniquim Jair Bolsonaro tensionando gradualmente as relações políticas entre os Poderes da República e incitando divisões no seio da sociedade, tal como Lula e Dilma fizeram ao longo de 13 anos de administrações lulopetistas.
Quando Bolsonaro foi eleito Presidente da República em 2018, houve uma comoção nacional em torno dessa figura política que representava a alternativa “menos pior” e mais viável de vencer o lulopetismo. Todavia, é preciso ressaltar que a vitória eleitoral de Jair Messias representou uma decisão pragmática do antilulopetismo contra um projeto de perpetuação de poder socialista que insistia em retornar, e não um cheque em branco para o bolsonarismo e sua versão neoconservadora de projeto de poder, que desperta a atenção da sociedade para alguns episódios vinculados ao governo do capitão reformado.
Acerca do exposto acima, a sociedade brasileira anda em alerta em relação a algumas das recentes ações e reações de Bolsonaro e sua militância que se assemelham ao modus operandi conduzido por Donald Trump e sua militância nazifascista durante o recente processo eleitoral ianque, desembocando na tentativa frustrada de golpe de Estado por Trump no último dia 06/01. Ao questionar o processo eleitoral brasileiro e sua urna eletrônica, Bolsonaro sinaliza para sua militância a narrativa que pretende conduzir até 2022, usando uma hipotética fraude eleitoral como pretexto para impor um golpe de Estado em solo brasileiro. Para tanto, Bolsonaro crê que contará com o apoio integral das Forças Armadas que ele vem mimando e de setores da sociedade que vêm se beneficiando da política armamentista que Jair Messias conduz desde os primeiros dias de seu desgoverno.
No final de 2018, quando montou um time de ministros com figuras de peso como Paulo Guedes e Sérgio Moro, a população aprovou e passou a apoiar Bolsonaro em sua agenda liberal na economia e de enfrentamento à corrupção e ao crime organizado. Afinal de contas, uma figura intensa como Paulo Guedes, liberal de carreira e por convicção (só que não!), ajudaria a viabilizar as reformas estruturais necessárias à retomada do desenvolvimento econômico nacional, enquanto o talento no combate ao crime organizado e a conduta ilibada de Sérgio Moro possibilitariam o enfrentamento em bases mais sustentáveis da criminalidade com a revisão de um sistema penal que mais protege do que pune os meliantes.
Entretanto, o que se viu nestes dois anos de Jair Bolsonaro à frente do Brasil foram sucessivos enfrentamentos e desgastes desnecessários contra pessoas e instituições que, durante anos, contribuíram para a manutenção do regime democrático e para a moralização da Administração Pública, isso sem falar no “fogo amigo” que alguns aliados de longa data de Bolsonaro sofreram do atual mandatário do país, seus filhos e sua claque neoconservadora. Ao humilhar e permitir que um de seus filhos perseguisse seu principal assessor e então ministro, Sr. Gustavo Bebianno, Jair Bolsonaro deu mostras de que o projeto neoconservador de poder seria uma representação destra do projeto de poder canhoto de Lula, sobretudo em relação ao modus operandi calcado na tríade infraestrutura/estrutura/superestrutura.
Outro fato constatado ao analisar objetivamente o projeto neoconservador de poder de Jair e sua família, que conta com a simpatia de setores da caserna e com figuras proeminentes do Legislativo e do Judiciário, diz respeito à forma como ocorre a distribuição de tarefas estratégicas entre Carlos, Flávio e Eduardo. Enquanto Carlos induz a máquina de comunicação neoconservadora, valendo-se de perfis-satélites em redes sociais, Flávio articula em relação a assuntos ligados ao Poder Judiciário e ao Ministério Público e Eduardo avoca para si o papel de “chanceler” dos interesses bolsonaristas. Paralelamente à atuação desses personagens do núcleo duro do projeto de poder neoconservador, também vemos a superestrutura sendo induzida e impulsionada por Olavo de Carvalho e seus “discípulos”, enquanto os MAVs bolsonaristas se encarregam de disseminar e defender as narrativas favoráveis ao projeto de Jair e sua família.
Em vista disso, e observando o acordão costurado nos últimos dois anos entre Bolsonaro, Aras, Toffoli, Maia e Alcolumbre para combaterem o combate lavajatista à corrupção, as constantes tentativas de desacreditar a imprensa, os grampos feitos nos celulares de Sérgio Moro e Deltan Dallagnol e as sucessivas estocadas de Bolsonaro e sua claque em relação a Moro, Dallagnol, Polícia Federal, Receita Federal e COAF, fica cada vez mais nítido o pacto de Jair Messias e sua tropa em defesa da impunidade das forças políticas de Brasília e seus apaniguados. Com isso e com a letargia popular em se mobilizar e lutar contra o status quo defendido por Bolsonaro, abre-se caminho para um projeto de perpetuação de poder neoconservador, sendo alguns dos pilares desse projeto o capitalismo de compadrio e o assassinato de reputações de adversários (ou “comunistas”, como os neoconservadores gostam de rotular).
Diante do exposto, cabe à sociedade brasileira estar atenta a esses movimentos promovidos por forças ocultas que insistem em ocupar e se perpetuar no poder, mediante a venezuelização de instituições e o domínio do medo, apostando, para tanto, em Jair Bolsonaro como um novo “Agátocles Siciliano”. Ouça quem for capaz, pois pode ser que o golpe que Trump não conseguiu dar nos Estados Unidos dê certo no Brasil de Jair Messias!
Um forte abraço a todos e fiquem com Deus!





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