Ano do Tigre: ano de revolução ou regressão para o Brasil? E o resto do mundo?
- Pedro Papastawridis

- 3 de jan. de 2022
- 3 min de leitura
Enquanto grande parte do mundo celebrou a chegada de 2022 no último sábado, a China só celebrará seu novo ano no próximo dia 1º de fevereiro. Contudo, nossos amigos orientais estarão 2.698 anos à nossa frente, isto é, em 4720.
O novo ano chinês se baseia no calendário lunissolar, que combina o ciclo solar com os ciclos lunares. Em vista disso, a data de Ano Novo no Dragão Asiático pode oscilar entre o fim de janeiro e o começo de fevereiro de cada ano do nosso Calendário Gregoriano, estabelecido pelo Papa Gregório XIII em 1582.
Neste ano (2022 para nós e 4720 para os chineses), será o ano do Tigre, um dos 12 animais que integram o horóscopo chinês. Trata-se de um animal com grande vigor e hábitos solitários, o que aponta para um ano marcado por dinamismo, competitividade e prosperidade. E é isso que o mundo espera de 2022, após quase 2 anos de uma pandemia de Covid-19 persistente e intensa.
2022 será um ano em que a recuperação econômica continuará em curso nas nações desenvolvidas e nos países emergentes, mas que dependerá do vigor reformista da China e do crescimento econômico dos Estados Unidos para garantir essa retomada sem muitas turbulências. Caso o Dragão Asiático e a Águia Americana consigam avançar com medidas de fomento para micro e pequenas empresas, investimentos em infraestrutura e estímulo ao consumo das famílias, surgirão grandes oportunidades de negócios para os demais países do globo, em que pese a persistente escassez de insumos estratégicos para a economia 4.0, como chips e contêineres.
Ainda em relação ao Ano do Tigre, trata-se de um ano que costuma vir acompanhado de grandes mudanças políticas e algumas revoluções. E é aí que se cria uma expectativa em relação ao cenário interno brasileiro, que estará envolvido num processo eleitoral marcado pela polarização política e por uma possível escalada autoritária de Jair Messias e seus lacaios.
No tocante à nação canarinha, o mercado projeta um misto de crescimento próximo de 0% e inflação acima da meta do Banco Central. Por sua vez, cientistas sociais projetam um ano de agravamento da pobreza e das disparidades entre ricos e pobres, enquanto analistas políticos projetam um cenário eleitoral em que a extrema-esquerda lulopetista somará forças com o Centrão e a extrema-direita bolsonarista para removerem a “República de Curitiba” do páreo eleitoral ainda no 1º turno, abrindo espaço para o Fla-Flu dos extremos no 2º turno presidencial, sob os olhares oportunistas de um Centrão cada vez mais ávido por cargos, recursos públicos e semipresidencialismo.
E como fica o Brasil Real nessa história toda? Será um ano de revolução ou de mais atraso socioeconômico?
Com povo na rua e escolhas certas nas urnas, é possível pensarmos numa revolução que envolva comida na mesa do povo, criança na escola e com a vacinação em dia e trabalhador com emprego, carteira assinada, salário justo e dignidade. No entanto, trata-se de um processo que envolve querer e fazer acontecer. Enquanto isso não ocorre e o povo não toma as ruas e o poder que a Constituição lhe confere, os políticos tendem a aprovar mais verbas para seus cabedais, mais cassinos e bingos para lavadores de dinheiro e mais medidas que encarecem o preço dos alimentos, a luz, o gás e os transportes.
Quanto às empresas, 2022 tende a ser o ano do hedge e do ESG, se quiserem que o Brasil ainda seja bem-visto e aceito por países ricos, governos democráticos e investidores institucionais. Sem proteção contra a desvalorização cambial do real, contra a estagflação e sem medidas socioambientais e de governança corporativa, o ambiente de negócios brasileiro se tornará mais especulativo, onde o crescimento sustentável dará lugar para a roleta e o carteado.
Em suma, 2022 promete ser o “ano do tigre”. Só resta saber se o Brasil terá pique novo para acompanhar o vigor do Dragão, da Águia e dos Tigres Asiáticos.
Um forte abraço a todos e fiquem com Deus!





Comentários