Twitter e Elon Musk: por que esse casamento preocupa tanta gente?
- Pedro Papastawridis

- 27 de abr. de 2022
- 3 min de leitura
Num mundo em que a informação nos chega com cada vez mais facilidade e rapidez, ter o controle dos meios pelos quais essa informação é gerada e distribuída se torna um ativo estratégico para pessoas, organizações e países. E isso ajuda a entender o recente casamento entre o bilionário sul-africano Elon Musk e a rede social Twitter, que já vem preocupando muita gente pelos mais diversos motivos.
Até o final do século XX, o fascínio de quem queria deter o controle dos meios de comunicação de massa era controlar o rádio, a televisão, os jornais e as revistas, pois era por meio desses canais que grande parte da população mundial se informava e era influenciada. Porém, o século XXI viu a evolução das telecomunicações baratear e popularizar o acesso à Internet, o que permitiu que bilhões de pessoas espalhadas pelo mundo pudessem se conectar e ter vez e voz no mundo digital. E essa ocupação de espaços virtuais foi impulsionada, sobretudo, com o avanço de redes sociais como o Orkut, Facebook, Twitter e Instagram.
No caso do Twitter, seu surgimento em 2006 por Jack Dorsey buscava competir com as mensagens de SMS dos celulares, até então muito populares. O grande desafio para a rede social do passarinho azul era o custo dos serviços de Internet e dos dispositivos com acesso a esta, que ainda eram mais elevados para um cidadão comum que enviar uma mensagem de texto por um simples celular. Contudo, o avanço das tecnologias móveis e dos investimentos em infraestrutura de telecomunicações tornaram dispositivos com acesso à Internet mais acessíveis e fizeram com que o Twitter e demais redes sociais ocupassem de vez o espaço que o SMS ocupava. Hoje, é mais comum se comunicar com alguém por Twitter, WhatsApp e Telegram que redigir e enviar uma mensagem de SMS ou e-mail.
Atualmente, a rede social desenvolvida por Jack Dorsey possui cerca de 217 milhões de usuários regulares e gera uma receita anualizada na casa dos US$ 5 bilhões, segundo dados do 4° trimestre de 2021 reportados pelo próprio Twitter. Muito dessas receitas provém da publicidade a que os usuários ficam expostos ao acessarem suas respectivas timelines, o que torna essa rede bastante atraente para quem divulga sua própria imagem ou amplifica o alcance de bens e serviços ofertados através da Internet.
Todavia, o que ajuda a entender melhor o porquê de um bilionário como Elon Musk captar cerca de US$ 44 bilhões para assumir o controle do Twitter se deve à relevância estratégica que essa rede social assumiu na geração e disseminação de conteúdos pelo mundo afora. Com textos curtos e a possibilidade de indexar e destacar assuntos e discussões por meio de hashtags, o Twitter se tornou um dos símbolos dos novos tempos da comunicação de massa, em que a população está cada vez mais exposta a fatos e dados e cada vez menos disposta a filtrar dados e informações antes de formar opinião e tomar decisões.
Com isso, menos se tornou mais para alguns, pois diminui resistências e questionamentos e facilita o esforço de construção e disseminação de ideias e narrativas. Elon Musk certamente percebeu isso e buscará explorar essa tendência sociocultural para catapultar seu patrimônio e sua influência política a nível global.
Diante do exposto, fica nítido por que muita gente dos mais diversos estratos da pirâmide social global anda preocupada com esse movimento de Elon Musk, pois é sabido que informação é poder e que os que a controla também possuem o poder de controlar o mundo.
Quanto ao fato de o Twitter “possuir um dono”, não se assustem, caros leitores! Assim como Facebook, Instagram, TikTok e Kwai, toda rede social de alcance mundial tem um dono. Afinal de contas, vivemos num mundo globalizado e capitalizado, em que o dinheiro pode não comprar o caráter de alguns, mas ainda compra os meios pelos quais alguns conquistam as mentes e os corações de muitos.
Um forte abraço a todos e fiquem com Deus!





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