Retrospectiva de 2020 e perspectivas para 2021
- Pedro Papastawridis

- 5 de dez. de 2020
- 3 min de leitura
Para muitos, 2020 foi um ano a ser esquecido: pandemia de Covid-19; acordão entre grupos políticos para se protegeram e dividirem o Brasil entre si; retorno da estagflação; e aumento da violência, do crime organizado e da sensação de que o país está mais próximo do fundo do poço e mais distante do céu. Porém, toda a experiência ruim também carrega o seu aprendizado. E é isso que precisamos extrair de 2020 para construirmos um 2021 muito melhor.
No âmbito econômico, o ano começou aos trancos e barrancos, com o país causando desconfiança de investidores internacionais acerca da seriedade com que as forças políticas brasileiras tratam a questão das reformas estruturais e do enxugamento de um Estado inchado, ineficiente e propenso a práticas corruptivas. O Caso Banestado, o Mensalão e o Petrolão expuseram um pouco dessa corrupção que mata, desemprega e oprime a população que vive distante dos olhos de falsos profetas e pretensos semideuses de Brasília. Para piorar, veio a pandemia de Covid-19, levando o mundo a se isolar para evitar a doença, enquanto Bolsonaro resolveu se isolar do mundo para não cooperar com o enfrentamento da doença.
Com o negacionismo científico e o isolacionismo diplomático do Clã Bolsonaro em relação ao restante do mundo, o Brasil vem pagando um pesado preço social com as mais de 175.000 mortes de brasileiros por coronavírus e um pesado preço econômico com as brigas que Bolsonaro et caterva travam com parceiros estratégicos como Argentina, China e União Europeia. A União Europeia, por exemplo, mostra-se relutante em fechar uma parceria comercial com o Mercosul, enquanto a China trabalha para reduzir a compra de produtos agrícolas brasileiros por meio de investimentos em projetos agropecuários na África. Nesse ritmo, não vai demorar muito para o Brasil se tornar novamente deficitário em sua balança comercial. E esse estado de coisas se reflete num real mais desvalorizado, inflação mais alta e recessão econômica mais duradoura.
No plano social, 2020 foi o ano da deterioração de indicadores que o país vinha melhorando nas últimas duas décadas. Enquanto Guedes e seus amigos da Faria Lima, do Lago Sul e do Eixo Ipanema-Barra da Tijuca se enriquecem em meio à crise econômica, o brasileiro médio empobrece, agravando as desigualdades sociais entre ricos e pobres. Com isso, o Estado brasileiro se afasta gradualmente do brasileiro médio, o crime organizado vai ocupando esses espaços deixados pelo Estado brasileiro e a sociedade brasileira gradualmente se desagrega e fica descrente em relação à existência e permanência de um Estado brasileiro. Trata-se de um cenário que, se não for corrigido imediatamente, tende a conduzir o Brasil gradativamente ao mesmo abismo socioeconômico em que se encontram Venezuela e Haiti. Isso se a Amazônia, o Pantanal e a água da CEDAE não acabarem antes...
Apesar dessa sucessão de eventos, 2020 também foi o ano em que sociedades e organizações de todo o mundo tiveram que se reinventar para superar a pandemia de Covid-19. Foi o ano do home office, do e-commerce e da logística, fazendo com que as pessoas desenvolvessem novas competências, as empresas ajustassem seus modelos de negócios e a ciência administrativa revisasse seus conceitos, métodos e técnicas e inserisse o componente tecnológico de maneira mais substancial na busca de um processo decisório mais eficiente, eficaz, efetivo e online.
Diante do exposto, 2020 foi um ano com muitas perdas e traumas, mas também de muitos aprendizados. E um desses aprendizados diz respeito à capacidade humana de ser resiliente e adaptativa em momentos de crise, sendo a crise um componente cada vez mais frequente no mundo contemporâneo. Dessa forma, é preciso fazer desse limão uma limonada, da queda um passo de dança e da ciência, da tecnologia e da cooperação global a conjunção de fatores para a solução de problemas locais. Afinal de contas, juntos somos mais fortes. E 2021 será o começo de uma nova era da humanidade, em que o desenvolvimento em bases sustentáveis envolverá a capacidade de cada um de fazer a sua diferença em cooperação com quem está disposto a fazer a diferença pelo mundo.
Um forte abraço a todos, sobretudo aos leitores e seguidores do Blog do Papa e aos leitores de "República das Banânias". E que Deus abençoe este fim de 2020, impulsionando o mundo a se superar num 2021 que se aproxima com muita fé, dedicação, saúde e sabedoria.





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