Retrospectiva 2021 e o risco do abismo do qual o Brasil se aproxima em 2022
- Pedro Papastawridis

- 20 de dez. de 2021
- 3 min de leitura
Faltando menos de 2 semanas para o fim de 2021, já é possível construir uma retrospectiva deste ano e uma perspectiva do que está por vir em 2022.
Para quem vive no “quinto quarto brasileiro” e trabalha para bancar os demais “quatro quartos”, 2021 é um ano para ser esquecido. Com uma inflação persistente combinada com um começo de década estagnado economicamente e uma elevada taxa de desemprego, o Brasil viu seu povo morrer aos milhares de Covid-19 enquanto os que sobreviveram ficaram mais pobres. E a capa do Jornal Extra que acompanha este artigo resume um país em que milhares repartem entre si bilhões de reais do povo, enquanto o restante dos 210 milhões lutam para sobreviver com o quinto quarto do boi, com o reajuste da luz, da água, do gás e dos transportes e com o avanço da violência no campo e nas cidades.
2021 também foi o ano em que o acordão das forças políticas de Brasília assumiu patamares de soberba nunca vistos em 521 anos de Brasil. Com pautas que não refletem os anseios do povo nas ruas de 2013 e nas urnas de 2018, vimos um Congresso Nacional fisiológico e teatral se associar a um Presidente da República incompetente e circense, enquanto Tribunais Superiores concluíam o esforço de desconstruir o combate à corrupção promovido pela Operação Lava Jato entre 2014 e 2018. Até Ministro do STF passou a atuar como acusador, comentarista político e discutir semipresidencialismo não previsto em nossa Constituição, brindando com políticos e empresários em Lisboa, enquanto milhões de brasileiros lutam por ossos e miúdos para sobreviver.
Na questão ambiental, vimos a Amazônia arder em chamas e ver seus rios sangrarem mercúrio despejado por garimpeiros cada vez mais ousados e abusados, consequência direta do desmonte gradual promovido nas estruturas de fiscalização ambiental por Bolsonaro e seus lacaios. Com isso, o Brasil viu o seu ciclo das águas desregular mais ainda, comprometendo o nível dos reservatórios das principais hidrelétricas nacionais, a qualidade dos nossos pescados amazônicos e a saúde de muitos ribeirinhos.
2021 também foi um ano para ser esquecido no âmbito dos direitos e garantias fundamentais, a começar pela nossa própria democracia em risco. Com a escalada dos ataques de Jair Messias Bolsonaro a instituições de Estado como STF e Anvisa, com a propagação de fake news sobre temas que vão da lisura das urnas eletrônicas até a eficácia da vacinação e com a disseminação de narcomilícias e grupos neonazistas em diversos cantos do país, a democracia brasileira tal como foi escrita e promulgada em 1988 está sob forte ameaça de ruptura no ano que se aproxima.
Para não ficar só nas más notícias, 2021 também foi o ano da esperança contra a Covid-19, da ciência contra o obscurantismo e da solidariedade do povo em meio à soberba da Nobreza, do Alto Clero, da “Burguesia Raiz” e da Caserna Bolsonarista. Graças ao avanço da vacinação contra a Covid-19, vimos uma média diária de mortos pela doença despencar de milhares para algumas centenas. Com as bênçãos de Deus e a responsabilidade de cada um em prol do coletivo, é possível aproximar do zero essa estatística cruel que só interessa aos canalhas que negam a ciência e a vacina e buscam somente o lucro a todo custo.
Para 2022, a perspectiva é de um ano ainda difícil para milhões de brasileiros, que se somará ao fogo cruzado de uma disputa eleitoral que tende a ser ainda mais cara para o povo, baixa para os políticos e prejudicial para o futuro do país. Tende a ser mais um ano de estagflação para o Brasil e dos bilhões em verbas para os políticos, das claques bolsopetistas simulando embates políticos nas ruas enquanto costuram novos acordões nos bastidores e de políticos do Centrão abrindo o balcão para tratar de cassinos, bingos, semipresidencialismo e mais impunidade.
Diante do exposto, 2022 exige cautela e mais povo na rua. Agindo assim, todos saem ganhando. Sem isso, só quem ganha é Brasília, os falsos profetas, quem tem dinheiro na Faria Lima ou nas Ilhas Virgens e os milicos do Jair. E janeiro já começa quente, devido ao início do verão, à Amazônia ainda queimando e ao gás natural da Petrobras chegando no carro e no fogão do consumidor final muito mais caro. Pensem nisso e façam a diferença nas ruas e nas urnas, a fim de que o povo não se resuma ao quinto quarto e possa escolher qual é a parte do boi que deseja comer.
O Blog do Papa deseja a todos um 2022 com saúde, vacina sim, paz, sabedoria e as bênçãos de Deus. E que a tempestade passe logo, descortinando um sol rodeado por um belo arco-íris. Carpe diem!





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