Quebra de patentes de vacinas contra a Covid-19: por que isso é bom para você e ruim para Bolsonaro
- Pedro Papastawridis
- 6 de mai. de 2021
- 3 min de leitura
Em meio à CPI da Pandemia de Covid-19 e a mais um recital de excrescências proferidas por Jair Bolsonaro contra nosso principal parceiro comercial (China), o mundo se deparou com uma notícia que soa como bastante animadora no enfrentamento desta pandemia que já matou milhões de pessoas, sendo quase 420.000 dessas mortes de cidadãos brasileiros. Trata-se do apoio do governo dos Estados Unidos à quebra temporária de patentes das vacinas contra o coronavírus.
Ontem (05/05/2021), o Presidente Joe Biden anunciou seu apoio à suspensão de proteção dessas patentes, reforçando uma iniciativa global que conta com a adesão de mais de 100 países e que já foi objeto de carta assinada e endereçada a Biden por ex-chefes de Estado e mais de 100 vencedores do Prêmio Nobel. Com isso, pretende-se impulsionar a fabricação de vacinas e acelerar a resposta à pandemia nos países mais pobres, que possuem menos recursos para adquirir insumos e desenvolver tecnologias para enfrentar essa doença.
Por se tratar de um vírus que está espalhado por todo o mundo e é suscetível a mutações que podem agravar sua disseminação e seus efeitos, a Covid-19 requer um esforço global para combater seus impactos. E isso envolve campanhas de vacinação e sistemas públicos de saúde bem estruturados para lidarem com a enfermidade não só nos países mais ricos, mas sobretudo nos mais pobres, que concentram a maioria da população mundial e ainda precisam lidar com uma série de doenças já erradicadas ou em processo de erradicação em nações mais desenvolvidas. Assim, urge conjugar os interesses geopolíticos de países e blocos econômicos com a questão humanitária, sem o qual o coronavírus continuará produzindo efeitos devastadores sobre o mundo a médio e longo prazos.
Em vista disso, e considerando que muito do que foi investido na pesquisa e desenvolvimento das vacinas contra a Covid-19 tem origem em recursos públicos empregados pelos países, principalmente EUA, China, Rússia e União Europeia, lideranças dos meios científico e político vêm mapeando a capacidade de produção de vacinas em instalações ociosas e indústrias que sejam capazes de adaptar seus processos produtivos para ampliar a produção de imunizantes contra o coronavírus. Com isso, espera-se identificar o incremento de produção e de capilaridade de distribuição das vacinas e acelerar a imunização de todo o mundo com uma provável quebra temporária de patentes.
E como o Brasil pode se beneficiar dessa iniciativa global?
Como nosso país possui diversas plantas de produção de vacinas com boa capacidade de adaptação de processos, seria possível produzir os insumos necessários e as doses disponíveis de imediato para imunizar toda a população brasileira, além de ajudar na aceleração da vacinação em países latino-americanos e africanos com menor renda e poder de barganha perante os principais laboratórios fornecedores das vacinas contra a Covid-19. Dessa forma, ceteris paribus, seria possível controlar o avanço da doença e estancar a pandemia nessas regiões do mundo num período de 12 a 24 meses a contar da quebra das patentes e do começo da transferência de tecnologia.
Entretanto, nem tudo são flores nessa história. Além da resistência dos laboratórios desenvolvedores das vacinas e do lobby de alguns países em defesa dos interesses de indústrias farmacêuticas, o mundo ainda conta com a resistência do Chefe de Estado de um país que concentra cerca de 2,5% da população mundial, porém acumula mais de 10% das mortes por Covid-19 registradas até o momento: Jair Messias Bolsonaro.
Amigo de empresários e inimigo do povo, Bolsonaro é o mesmo indivíduo que já defendeu uma suposta cura contra o câncer (a tal da fosfoetanolamina) e vem liderando uma campanha de uso de medicamentos sem eficácia científica comprovada contra a Covid-19. Seja por algum desejo oculto de se tornar dono de seu próprio laboratório, para agradar seus amigos empresários ligados ao setor farmacêutico ou retroalimentar sua militância com narrativas ideológicas quixotescas, Jair Messias já se manifestou contrário à quebra temporária de patentes de vacinas contra a Covid-19. Afinal de contas, a aceleração da vacinação contra o coronavírus tem o potencial de reconduzir o Brasil à normalidade sanitária, redirecionando os olhares da população para a gestão catastrófica que Bolsonaro vêm implementando no Estado Democrático de Direito brasileiro. E não é na ordem que o projeto de poder do Clã Bolsonaro prospera, e sim no caos.
Um forte abraço a todos e fiquem com Deus!
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