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Quando o vírus da ignorância e do mau-caratismo sufoca a vida em sociedade - o caso de Manaus

  • Foto do escritor: Pedro Papastawridis
    Pedro Papastawridis
  • 14 de jan. de 2021
  • 3 min de leitura

Pense numa situação em que você está impossibilitado momentaneamente de enxergar o que está à sua volta. E pense que isso está ocorrendo há poucos metros de um penhasco, no qual você não dispõe de nenhuma outra referência sensorial a não ser uma pessoa que se diz sua amiga indicando para você para onde você deve caminhar.


Confiando no que essa pessoa diz, você direciona os seus passos. Porém, você acaba caindo do penhasco, pois a suposta amizade aproveitou-se de sua situação para testar se você seria capaz de sobreviver à queda. E você não sobreviveu, pois o penhasco era muito alto e você não podia enxergar o que estava à sua volta.


Sabemos que a situação acima é absurda e muitos dirão que ela nunca ocorrerá de tão absurda que é. Mas é o que está acontecendo neste momento com a população de Manaus/AM, cujo sistema de saúde local entrou em colapso com a explosão de casos de Covid-19. E isso se deve aos “falsos amigos do cego no penhasco”: em dezembro, o governo estadual chegou a expedir um decreto proibindo o funcionamento de atividades não essenciais por um período de 15 dias. Todavia, vieram os empresários, os comerciantes, os falsos profetas e os bolsominions e fizeram lobby pela revogação dos efeitos desse decreto. E o governador Wilson Lima cedeu, permitindo que vida econômica transcorresse regularmente, apesar da Covid-19 em ascensão e das recomendações feitas pelo Ministério Público local.


O resultado dessa caminhada às cegas no penhasco vemos e lemos nos veículos de comunicação: hospitais sem leitos para internação, falta de materiais e insumos e até de cilindros de oxigênio para ajudar no tratamento dos internados pela Covid-19. Diante disso, o sistema de saúde amazonense sangra e as famílias dos mortos choram, enquanto empresários, comerciantes, falsos profetas e bolsominions agem como se não tivessem parcela alguma de culpa nesse colapso sanitário local. E ainda tentam empurrar para a população amazonense dois remédios sem qualquer eficácia contra a Covid-19 (cloroquina e ivermectina), ao mesmo tempo em que sabotam a campanha de vacinação contra a doença a nível nacional.


Segundo a Fiocruz-Amazônia, "acabou o oxigênio e os hospitais viraram câmaras de asfixia". Diante disso, o Sindicato dos Médicos do Amazonas apela para que seja encontrada uma solução para o problema, já que a situação sanitária local se assemelha a uma zona de guerra que não para de ser bombardeada pelos inimigos. "Transportar oxigênio de outros estados em caráter de guerra é uma necessidade para salvar vidas", disse o presidente da entidade, Sr. Mário Vianna. Agora, a ordem é correr contra o tempo e buscar em outras unidades da federação os recursos necessários para continuar salvando as vidas acometidas pelo coronavírus.


Quanto ao movimento criminoso que políticos charlatães, falsos profetas e alguns empresários inescrupulosos vêm promovendo contra as ações de enfrentamento da Covid-19, é preciso que o Ministério Público cumpra com seu dever constitucional e apure em todos os níveis (federal, estadual/distrital e municipal) quem está à frente desses movimentos, com que motivação e bancado por quais fontes de recursos, pois é inadmissível que esses marginais sabotem o trabalho de profissionais de saúde, prefeitos e governadores que tentam mitigar os impactos de uma doença que já matou mais de 200.000 brasileiros em menos de 1 ano e que continua matando a uma média diária de 1.000 pessoas. Não estamos falando de formigas esmagadas, tampouco de gado abatido para corte. Estamos falando de vidas humanas.


Quanto à sociedade brasileira, é preciso sair da zona de conforto em que se encontra e passar a encarar de frente esses vírus que se encontram espalhados pelo organismo social brasileiro, disseminando a ignorância, o mau-caratismo e a morte por onde passam. Chega de ficar pagando tributos para vagabundos como o Clã Bolsonaro ficarem sabotando a vacinação contra a Covid-19! Chega de ver bolsominions sabotando prefeitos e governadores, impedindo as ações de enfrentamento da doença e tumultuando o trabalho de profissionais da saúde! Ou o brasileiro esquece um pouco o bar, a praia, a academia, o jogo de futebol e o próximo carnaval e passa exercer o seu papel de membro de uma sociedade e de cidadão, ou o colapso da saúde em Manaus será apenas o começo de um colapso ainda maior: o do Estado Democrático de Direito, cada vez mais afrontado e desgastado por Bolsonaro e suas falanges.


Um forte abraço a todos e fiquem com Deus!

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©2020 por Pedro Papastawridis em: Blog do Papa (blogdopapa.com).

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