O abraço de Toffoli, as palmas de Renan e o beijo da morte de Jair Bolsonaro
- Pedro Papastawridis

- 7 de out. de 2020
- 3 min de leitura
Nos últimos dias, temos visto pelo noticiário nacional uma sucessão de beijos, abraços e palmas entre as forças de Brasília que faria qualquer país sério morrer de vergonha do que está em jogo com esses gestos.
Para começar, temos o emblemático convescote envolvendo desde advogados setoristas do STF até o Presidente da República na casa do Ministro Dias Toffoli, realizado no último sábado (03/10/2020). Na ocasião, Jair Bolsonaro levou para essa “confraria” o seu novo “Augusto Aras”: Kassio Marques, indicado por Bolsonaro para a cadeira de Ministro do STF do decano Celso de Mello. O prato principal desse encontro, que contou com figuras antilavajatistas como Davi Alcolumbre, Kakay, Toffoli e o próprio Jair Messias? Provavelmente, o acordão entre os Poderes.
Na sequência a esse Churrascão do Acordão, tivemos uma série de comes e bebes entre integrantes dos Três Poderes, nos quais temas de interesse das forças políticas e do desinteresse do restante do país foram postos à mesa. É um tal de cortar de um lado para turbinar Renda Cidadã do outro, tirar da educação para colocar em programas eleitoreiros e, até, extinguir o desconto de 20% da declaração simplificada do Imposto de Renda para viabilizar o casamento entre Bolsonaro e Centrão e garantir que Jair e suas falanges avancem com o projeto pessoal de Bolsonaro de se perpetuar no poder, tal como um Luís XIV ou um Agátocles Siciliano.
Por fim, vimos o governo Bolsonaro ser aplaudido por um expoente da fauna política de Brasília: Renan Calheiros, também conhecido nas planilhas da Odebrecht como “Justiça”. Em recente entrevista à CNN Brasil, Renan Calheiros disse que Jair Bolsonaro deixará um grande “legado” para o Brasil, representado pelo desmonte de um suposto estado policialesco (termo pelo qual alguns corruptos costumam chamar o trabalho de combate à corrupção da Lava Jato). Ainda segundo o senador-coronel de Alagoas, Bolsonaro já encadeou várias medidas, que envolvem o Coaf, a Receita Federal, a nomeação do Aras para a chefia do Ministério Público, a demissão do Moro e a recente indicação de Kassio Marques para o STF. Para completar, Renan Calheiros aplaudiu Bolsonaro por “estancar a sangria” da Lava Jato e tripudiar da maioria dos eleitores que apertaram 17 nas urnas de 2018 acreditando estar votando num “mito”, e não num “minto”.
É sabido que muitas pessoas possuem seu preço em detrimento de seus valores, enquanto algumas ainda preservam seus valores contra qualquer preço oferecido. Também sabemos que o jogo político nacional se dá em torno da manipulação dos primeiros e da neutralização dos segundos. Porém, o Brasil precisa superar um sistema moral construído à custa de maus exemplos políticos e de muito assistencialismo e deixar de bater palmas para quem dá algum dinheirinho e tira muito dinheiro da população. Ou o Brasil para de se humilhar e de se acovardar por causa de R$ 300,00 mensais e passa a cobrar um país mais justo, correto e com políticos à altura dos desafios pós-pandemia de Covid-19, ou vai continuar lamentando a falta de creches e escolas para as crianças, a ausência de hospitais bem equipados e o aumento do custo de vida, enquanto Jair, Maia, Alcolumbre, Toffoli e Renan vão celebrando o último baile da república e dando o beijo da morte na democracia tal como aprendemos um dia nas escolas.
Um forte abraço a todos e fiquem com Deus! E não deixem de ler o livro “República das Banânias”, disponível na Amazon.





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