Num mundo cada vez mais digital, ainda cabe manter o balcão do burocrata?
- Pedro Papastawridis

- 22 de abr. de 2021
- 2 min de leitura
Se houve uma lição que a pandemia de Covid-19 nos ensinou acerca do papel da tecnologia na economia é a de que nunca o mundo esteve tão conectado mesmo com as pessoas estando distantes e isoladas umas das outras.
Para ilustrar o exposto acima, pensemos na intensificação do teletrabalho nos últimos meses. Seja por necessidade sanitária ou estratégia de negócios, milhões de pessoas ao redor do mundo viram a rotina de deslocamentos residência-escritório-residência ser substituída pela fusão entre o ambiente residencial e o corporativo. E muitas das organizações que adotaram o home office vêm desfrutando de benefícios como ganhos de produtividade, redução de despesas e aumento da satisfação de seus colaboradores.
E com o setor público não é diferente: governos nacionais e subnacionais espalhados por todo o mundo vêm se adaptando aos novos tempos impostos pela pandemia de Covid-19. Com cada vez mais emprego de tecnologia, repartições públicas veem o velho atendimento de balcão passar por um processo de transformação digital. Atualmente, por exemplo, já é possível acessar diversos serviços da Receita Federal pela Internet, peticionar num processo judicial de maneira eletrônica e justificar a ausência nas eleições por meio de App desenvolvido pelo TSE.
Em vista disso, e considerando o cenário fiscal pelo qual o Brasil vem passando, fica a seguinte reflexão: até quando precisaremos custear com nossos impostos estruturas administrativas, contratos e milhares de cargos comissionados distribuídos em todos os níveis e por todo o país, se muitos dos serviços prestados pelo Poder Público podem ser digitais?
Num momento em que Presidente da República, governadores e prefeitos alegam não possuir recursos suficientes para investirem em infraestrutura e na melhoria de serviços públicos como saúde, educação e segurança, o que falta para governantes desmobilizarem espaços públicos desnecessários, descontinuarem contratos de terceirização de mão de obra e suprimirem cargos de livre nomeação, focando na digitalização de serviços e na sua prestação de maneira remota, porém apoiada em metas e métricas de desempenho?
Um caso bem ilustrativo de como é possível concomitantemente reduzir gastos e melhorar resultados com a transformação digital de modelos de negócios vemos no setor financeiro. Com o advento das fintechs, diversos bancos comerciais que consideravam o tamanho e a capilaridade da rede de agências um fator crítico de sucesso passaram a desmobilizar espaços físicos, compartilhar terminais de autoatendimento e migrar muitos de seus serviços para o mundo digital. E isso vêm se refletindo em redução de gastos, na redução do tempo de atendimento de serviços outrora presenciais e na manutenção dos lucros bilionários de muitas dessas instituições, apesar da pandemia de Covid-19 e seus impactos socioeconômicos.
Isso posto, fica nítido que a transformação digital de serviços públicos não só é possível, mas sobretudo necessária. Afinal de contas, a reconstrução do Brasil passa pela redução do peso do Estado na vida das pessoas, o que envolve menos burocracia e menos gastos públicos com manutenção de edifícios, aspones, água gelada, café quentinho, balcões e terceirizações de serviços que podem muito bem ser substituídos por um clique num aplicativo de smartphone. O bolso do contribuinte brasileiro só tende a agradecer com isso.
Um forte abraço a todos e fiquem com Deus!





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