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Meus heróis morreram de overdose e meus inimigos agora estão no poder!

  • Foto do escritor: Pedro Papastawridis
    Pedro Papastawridis
  • 19 de dez. de 2022
  • 4 min de leitura

Se 2022 pudesse ser resumido com uma música, certamente seria com trechos da música Ideologia (1988), de Cazuza. Nem tanto pelo brilhantismo em si do cantor, que esteve à frente de seu tempo no quesito talento musical. Mas pelos retrocessos que vimos em nosso país e pelo mundo afora justamente num ano que foi marcado pela tecnologia.


Comecemos pela parte mais “soft” do ano: a própria tecnologia. Do avanço do 5G no Brasil, passando pelas discussões do 6G na China e na Coreia do Sul, vimos a tecnologia brilhar mais uma vez em meio a tantas mazelas medievais que ainda afligem o mundo. Começamos 2022 vendo os benefícios da vacinação contra a Covid-19 recuperarem os ânimos da economia global e terminamos com avanços significativos na produção de energia abundante e limpa por meio da fusão nuclear. E pensar que, em pleno 2022, ainda há quem tente descredibilizar o conhecimento científico, tal como muitos faziam na “Idade das Trevas”...


Na questão econômica, 2022 foi um ano de recuperação de perdas ocasionadas pela pandemia de Covid-19, mas também de escassez de insumos essenciais à economia global, caso dos fertilizantes e dos semicondutores.


No caso dos fertilizantes, a guerra que a Rússia ainda promove contra a Ucrânia impulsionou a escassez de insumo tão importante para a agricultura, o que resultou na escalada de preços dos alimentos em diversas parte do mundo, agravando a fome e a miséria em partes da América Latina e do continente africano.


Quanto aos semicondutores, quase dois terços da produção mundial estão nas mãos de uma ilha com um pouco mais de 23 milhões de habitantes, Taiwan. E os avanços tecnológicos pelos quais o mundo passa demandam muito o emprego de semicondutores, o que vem provocando interrupções e atrasos de produção nas mais diversas cadeias globais de valor. E o misto de menos produção com mais consumo de tecnologias neste pós-pandemia resulta em mais inflação pelo mundo afora.


Na questão social, 2022 foi o ano dos retrocessos. Vimos um dos maiores produtores de alimentos do mundo retornar ao Mapa da Fome da ONU, com quase 33 milhões de pessoas passando por algum tipo de insegurança alimentar diária. Nesse mesmo país, enquanto ricos e famosos desfilam com seus Porsches, suas BMWs e suas Mercedes pelos pontos mais badalados de São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Brasília (DF) e Balneário Camboriú (SC), moradores de rua e usuários de drogas armam papelões e colchonetes na Avenida Paulista (SP), no Passeio Público (RJ) e na Avenida das Américas (RJ). E tudo isso ocorrendo em meio ao desdém de um Jair Falso Messias e bilhões de reais de orçamento secreto.


Por falar em política, 2022 foi o ano da ponte para o passado em nosso país. Sob a batuta de Bolsonaro, Lira, Pacheco e algumas figuras proeminentes do Poder Judiciário, corruptos foram livrados da cadeia, sendo que alguns chegaram a se candidatar a cargos políticos e se elegeram. Saiu da cela Sérgio Cabral e entraram os patriotários, que foram às ruas inicialmente fazer campanha pela reeleição de Jair Messias e depois ficaram acampados em frente a quartéis, tomando chuva, vento, raios e balas de borracha, enquanto Constantino promovia “rebelião popular EAD” em Miami (EUA), Eduardo Bananinha curtia a Copa do Mundo no Catar e Jair Bolsonaro chorava no banho a perda da eleição nas urnas eletrônicas das quais tanto se beneficiou por décadas.


Ainda em relação à política, este ano seria o dos heróis, caso estes optassem por uma terceira via política contra Lula e Bolsonaro. Mas preferiram se submeter à velha política e disputar alguns cargos no Poder Legislativo. O caso mais emblemático do que já foi considerado nossa salvação nacional e acabou se rendendo aos coronéis da política nacional foi o do ex-juiz da Operação Lava Jato, Sr. Sérgio Moro: no início de 2022, Moro era a esperança de uma terceira via contra o vazio moral que Lula, Bolsonaro e suas respectivas falanges representam para o país; em outubro, lá estava Sérgio Moro igualmente no colo de Luciano Bivar e aos pés de Jair Bolsonaro, em troca de uma cadeira no Senado Federal. E assim nossos heróis morreram de overdose, enquanto nossos inimigos tomaram de vez o poder...


No esporte, 2022 foi o ano da corajosa Seleção de Marrocos e do futebol de alto nível demonstrado por França e Argentina. Não por acaso, as duas decidiram a Copa do Mundo. E Messi levou a melhor sobre Mbappé. Quanto ao Brasil, sobraram frases de efeito, lacração nas redes sociais, cortes de cabelo, tatuagens estilosas e baladinha top. Mas faltou o que representa a alma de uma Seleção Brasileira: o futebol de alto nível. Quem sabe tenhamos uma seleção canarinho mais profissional e engajada com títulos na Copa de 2026, deixando as aparências para o vazio da existência...


E o que podemos esperar de 2023? Certamente, emoções não faltarão, pois será um ano muito influenciado pela agitação de 2022 na política, na geopolítica e na economia. Com a pacificação de conflitos entre nações, a responsabilidade fiscal dos governos e a responsabilidade socioambiental de empresas e sociedade civil, é possível vislumbrar um ano com crescimento econômico, avanços no combate à fome e à miséria e retomada da agenda ambiental. Caso contrário, será mais um ano de conflitos mexendo com os humores e as economias nacionais, agravamento das desigualdades sociais e do aquecimento global e seus recordes de temperatura nos Polos da Terra, na Europa, na China e nos Estados Unidos.


Ufa! 2022 não foi nada fácil e 2023 também promete ser assim. Mas o poeta não disse que a vida seria fácil. Disse apenas que valeria a pena. E isso só depende de nós, por meio de nossos conhecimentos, habilidades e atitudes. Pois administrar é preciso e se administrar, mais ainda!


Um forte abraço a todos, um ótimo Natal e que Deus nos proporcione saúde, sabedoria e paz neste 2023 que se aproxima. Carpe diem!

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©2020 por Pedro Papastawridis em: Blog do Papa (blogdopapa.com).

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