top of page

G7 x Novo BRICS: será essa a nova ordem mundial?

  • Foto do escritor: Pedro Papastawridis
    Pedro Papastawridis
  • 5 de set. de 2023
  • 3 min de leitura

No último mês de agosto, representantes de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul se reuniram no continente africano para a Cúpula dos BRICS. Nesse evento, que reúne periodicamente as 5 principais economias emergentes e lideranças do que alguns especialistas em geopolítica chamam de “Sul Global”, ficou decidido que o grupo aumentará dos atuais 5 membros para 11, uma vez que serão convidados a compor o bloco, a partir de janeiro de 2024, Argentina, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Irã, Egito e Etiópia.


Com isso, tal bloco geopolítico busca não só aumentar sua influência entre o conjunto das nações pobres e em desenvolvimento, mas também aumentar o poder de barganha dos BRICS nos principais organismos internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização Mundial do Comércio (OMC).


No entanto, a expansão dos BRICS possui uma intenção que eles buscam dissimular, mas que está em linha com o projeto de poder de alguns de seus integrantes (como as ditaduras chinesa e russa e a fragilizada democracia do Brasil de Lula): servir de contraponto geopolítico ao G7, grupo das 7 democracias mais desenvolvidas do ponto de vista socioeconômico (Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá). Afinal de contas, temas muito valorizados pelo G7 em fóruns e mesas de negociações de organismos internacionais, como a defesa do meio ambiente equilibrado, a promoção da paz e o respeito à democracia e suas instituições, costumam incomodar o sono e as pretensões de poder de ditadores como Xi Jinping e Putin e de projetos de ditadores como Lula. Em vista disso, ocupar os espaços geopolíticos do G7 acaba se tornando imperioso para esses integrantes dos BRICS.


Para entender um pouco melhor a magnitude dos embates que podem ocorrer entre G7 e a nova configuração dos BRICS prevista para 01/01/2024, o Blog do Papa realizou o levantamento constante da Tabela 1. Nessa tabela, podemos ver que os 7 países do G7 possuem um pouco mais de um quinto da população dos 11 países do “Novo BRICS”, porém os 7 detêm cerca de 85% do PIB PPC dos 11 BRICS. Aqui, optou-se por utilizar o PIB PPC em lugar do PIB nominal por se tratar uma forma mais precisa de medir a riqueza produzida pelas nações sob a perspectiva de paridade de poder de compra a nível global, buscando, dessa forma, refletir o custo de vida de cada país na mensuração de seu respectivo PIB.


Tabela 1 - Comparativo G7 x Novo BRICS (fonte: elaboração do autor a partir de dados da CIA, do IBGE, do PNUD e da Heritage Foundation).


Apesar de serem grupos de países como pesos econômicos similares, pesa a favor do G7 o fato de que o poder de compra per capita de seus membros é muito superior ao dos integrantes do Novo BRICS, além de o G7 ser composto por países com elevados índices de desenvolvimento humano (IDH) e de liberdade econômica. A exceção no Novo BRICS fica por conta dos Emirados Árabes Unidos, que possui elevado IDH e alto grau de liberdade econômica, embora à custa de ter se tornado um porto seguro para dinheiro de procedência duvidosa de diversas parte do mundo.


Para quem busca oportunidades de negócios no âmbito dessa que promete ser a “nova ordem mundial”, é preciso avaliar meticulosamente os riscos e as oportunidades de transacionar com um ou outro bloco geopolítico, uma vez que o estabelecimento de negócios num lado pode inviabilizar a concretização e manutenção de negócios do outro lado. Ademais, cabe frisar que países com baixo grau de liberdade econômica como os do Novo BRICS tendem a produzir pesadas barreiras de entrada e de saída em seus mercados internos, concentrando os ganhos setoriais em poucos atores e muitas instabilidades nesses mercados como um todo, com tudo isso sob forte controle e intervencionismo estatais. Portanto, cabe ao sábio avaliar o preço que está disposto a pagar para lucrar, pois isso pode resultar em ter que carregar escorpiões nos ombros ao atravessar o rio.


Um forte abraço a todos e fiquem com Deus!

Comments


Commenting on this post isn't available anymore. Contact the site owner for more info.
Logomarca 1.jpg

©2020 por Pedro Papastawridis em: Blog do Papa (blogdopapa.com).

bottom of page