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Brasil: o Eldorado dos hackers

  • Foto do escritor: Pedro Papastawridis
    Pedro Papastawridis
  • 10 de fev. de 2021
  • 3 min de leitura

Não é de hoje que assistimos a notícias sobre ataques de hackers a sistemas e bases de dados de organizações em todo o mundo. Porém, o foco dos cibercriminosos sempre eram os ativos digitais de instituições sediadas no eixo Estados Unidos-Europa-Japão. Agora, parece que os criminosos virtuais veem no Brasil um novo Eldorado para suas operações.


Nos últimos dois anos, já vimos de tudo um pouco no noticiário envolvendo cibercrimes no Brasil: invasão a smartphones de integrantes da força-tarefa da Lava Jato; vazamento de dados de operadoras de telefonia; invasão a sites e sistemas do Governo Federal; vazamentos de centenas de milhões de CPFs e CNPJs; e, agora, vazamento de milhões de dados vinculados a números de celulares.


Sobre o mais recente caso de vazamento de dados de que o público tomou conhecimento, ganhou destaque informação divulgada pelo site NeoFeed acerca do vazamento de mais de 100 milhões de registros vinculados a números de celulares, supostamente provenientes das bases de dados das operadoras Vivo e Claro. Como era de se esperar, as operadoras soltaram notas em que disseram desconhecer falhas em seus sistemas e vazamento das informações dos seus clientes.


Para quem estudou Teoria Geral da Administração, provavelmente tomou conhecimento da Cibernética. Essa ciência, cuja origem é atribuída ao matemático Norbert Wiener, possui forte relação com a Teoria de Sistemas e trata dos mecanismos de controle e comunicação de sistemas reguladores. Com a evolução da computação e da robótica, áreas que se utilizam dos conhecimentos da Cibernética, a fonte de poder de organizações e governos passou a estar cada vez mais vinculada à capacidade de gerenciar dados e produzir informação e conhecimento a partir desses dados. Em vista disso, quem domina a informação passou ser detentor de um grande poder.


E o que isso tem a ver com a atuação de hackers em solo brasileiro? Tem tudo a ver, caros leitores!


Num país em que a capacidade de investigação e enfrentamento de crimes virtuais ainda é precária e no qual a impunidade é crescente, cibercriminosos se sentem cada vez mais à vontade para invadirem sistemas e bases de dados, coletarem dados, manipulá-los e utilizá-los sem o mínimo pudor. E não estamos falando somente de jovens em busca de uma aventura no mundo virtual. Falamos de pessoas que operam a serviço de organizações criminosas, algumas das quais operam milhões (quiçá bilhões) de reais num piscar de olhos.


Com alguns cliques, cibercriminosos clonam identidades, cartões de créditos e números de celulares, pegam empréstimos e auxílio emergencial em nome de terceiros e lavam toda essa grana em contas bancárias situadas em paraísos fiscais, empresas de fachada, ou criptomoedas. Para ilustrar o exposto aqui, uma operação da Polícia Federal em Cachoeiro de Itapemirim (ES) no último dia 03 de fevereiro encontrou na casa de um hacker R$ 7,2 milhões em espécie.


Diante do exposto, fica evidente que a sociedade brasileira está bastante vulnerável a cibercrimes, seja pela incompetência do Poder Público em neutralizar essas ações, seja pela sensação de impunidade que os meliantes têm ao atuar em solo brasileiro. E atitudes de legitimação dessas ações por figuras públicas como Gilmar Mendes e Renan Calheiros, que vêm explorando politicamente a invasão a celulares de membros da Lava Jato para atacar Sérgio Moro e Ministério Público, só tendem a agravar esse mal que encontrou no Brasil o seu Eldorado.


Um forte abraço a todos e fiquem com Deus!

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©2020 por Pedro Papastawridis em: Blog do Papa (blogdopapa.com).

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