A triste semelhança entre um Pantanal em chamas e a Muzema do Rio de Janeiro
- Pedro Papastawridis

- 16 de set. de 2020
- 3 min de leitura
Nos últimos dias, o Brasil e o mundo voltaram seus olhares para os incêndios que assumiram uma situação descontrolável no Pantanal brasileiro. E não é por acaso: desde o início do ano, milhões de hectares desse ecossistema que abriga uma das faunas mais diversificadas do mundo já foram incendiados, uma parte devido às secas e a maior parte devido à ação humana. E isso não causa só a revolta de um planeta cada vez mais consciente da importância de um meio ambiente equilibrado e preservado. Também causa a revolta de cidadãos brasileiros pagadores de impostos, que veem o governo agindo de maneira pusilânime em relação a isso, buscando a todo momento um culpado em causas alheias à incompetência e irresponsabilidade governamental.
Ontem (15/09/2020), ouvimos o Vice-Presidente da República, Sr. Hamilton Mourão, criticando o que ele chamou de “servidor opositor do INPE que fica divulgando somente dados negativos”. Ora, General Mourão, a única oposição nessa tragédia ambiental é o negacionismo do desgoverno do qual Vossa Excelência faz parte em relação ao combate efetivo dos incêndios e das ações criminosas de fazendeiros, garimpeiros e grileiros que atuam nessa região.
Com o tempo que o desgoverno Bolsonaro perdeu tentando encontrar fantasmas e comunistas a quem culpar, o Pantanal já perdeu uma área equivalente à do Estado de Israel. E o desgoverno do qual Hamilton Mourão faz parte é o principal responsável por esse estado de coisas, na medida em que nega a existência de ação criminosa indiscriminada nos incêndios do Pantanal e critica o trabalho de instituições de Estado que o General e Bolsonaro deveriam apoiar, como é o caso do INPE, do IBAMA e do ICMBio.
O caso do Pantanal em chamas muito se assemelha ao que vem ocorrendo nas principais áreas verdes do município do Rio de Janeiro, cidade desgovernada por Marcelo Crivella e seus “guardiões”. Tanto no Parque Estadual da Pedra Branca, localizado na Zona Oeste carioca, quanto no Parque Nacional da Tijuca, que cobre parte das Zonas Norte e Sul e de Jacarepaguá, a ocupação de áreas verdes por loteamentos irregulares vêm ocorrendo de maneira descarada. E podemos afirmar que é descarada, pois a Prefeitura faz mapeamento periódico de logradouros e imóveis com o emprego de imagens feitas do espaço aéreo, o que vem subsidiando os reajustes de IPTU cobrado dos proprietários de imóveis. Se a Prefeitura apela para essas estratégias na cobrança de tributos, por que não o faz para identificar o avanço irregular de construções sobre áreas de proteção ambiental?
Ainda em relação ao desgoverno Crivella, aliado do desgoverno Bolsonaro, o argumento utilizado para não contribuir com a preservação das áreas verdes supracitadas é praticamente o mesmo da esfera federal: não há argumento, somente desculpas quando alguma tragédia acontece, tal como vimos recentemente no desmoronamento de uma edificação na comunidade da Muzema, reduto de uma das milícias mais estruturadas financeira e politicamente na cidade do Rio de Janeiro. Será tal atitude em relação ao avanço criminoso sobre áreas verdes um modus operandi comum entre Crivella e Bolsonaro? Ou isso será só mais uma "coincidência", tal como aquela em que Bolsonaro perdoou quase R$ 1 bilhão em dívidas tributárias de igrejas-empresas como a Universal, da família de Marcelo Crivella?
Ainda há muita pergunta sem resposta e muita resposta sem resultado efetivo no combate a criminosos que põem em chamas o Pantanal e ladeira abaixo as áreas verdes do Rio de Janeiro. Porém, uma coisa é certa: o que se faz com a natureza, ela cobra lá na frente. Depois, não adianta colocarem a culpa no PT, no Leonardo DiCaprio, ou no INPE, pois quem quer, faz. Quem não quer, cala e consente.
Um forte abraço a todos e fiquem com Deus!





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