A década perdida e a saudade de alguns acerca do que nunca vivemos

Hoje, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no ano de 2020. E o resultado não foi nada animador: queda de 4,1% em relação a 2019. Com esse resultado, o crescimento médio anual do país na década 2011-2020 ficou em 0,3%, pior resultado em uma década nos últimos 120 anos, segundo reportagem do Portal G1.

Dentre os principais dados referentes ao PIB 2020, podemos destacar a queda de 4,5% no setor de serviços, responsável por quase 75% da economia brasileira, e o crescimento de 2% no setor agropecuário, puxado pela alta na produção de soja e café.

Neste momento, Bolsonaro já deve estar preparando alguma polêmica para desviar o foco desse desempenho boçal da economia e bolsonaristas já devem estar preparando alguma narrativa que envolva as palavras-chave “PT”, “governadores”, “Doria”, “Rede Globo” e “vírus chinês”. Porém, gostaria de destacar o papel de comediante que Paulo Guedes vem desempenhando desde que assumiu o Ministério da Economia, na medida em que utiliza reiteradamente uma retórica divertida e envolvente acerca de reformas estruturais e retomada do desenvolvimento, enquanto entrega um país com estagflação, desemprego em alta, agronegócio e Faria Lima com os bolsos cheios e o povo com a geladeira vazia. Paulo Guedes até seria cômico, se esse estado de coisas não fosse trágico para milhões de brasileiros e para o futuro do país.

Enquanto Bolsonaro sobe no palco para atacar pessoas e instituições que integram o Estado Democrático de Direito e Paulo Guedes faz stand-up comedy econômico, os demais Poderes e Ministério Público se acovardam. E o povo, cada vez mais desorientado e sem esperança sobre o futuro do Brasil, paga o pato e sofre calado. E ainda nem falei da conta da incompetência do Estado brasileiro no combate à Covid-19, que se omite em relação à doença e assiste sentado numa mesa de bar ao mundo desenvolvido se livrando da pandemia mediante vacinação em massa e medidas de isolamento social. Se esse é o destino de um país que já foi um dos motores do crescimento econômico mundial, sinto dizer, mas já estamos nos tornando uma Venezuela.

Não existe solução dentro da caixa, caros leitores! Sem impeachment de Bolsonaro, não haverá retomada do desenvolvimento socioeconômico brasileiro. E os desinvestimentos de empresas como Ford, LG e Sony e a fuga de investimentos estrangeiros diretos são bons indicadores de que o mundo prefere tomar distância de um país que caminha em direção ao abismo, enquanto deixa sua população morrer que nem formigas ao sol por conta da Covid-19, da estagflação e da violência das ruas e do colarinho branco. E não pensem que viver uma Idade Média, tal como defendem alguns terraplanistas ideológicos de extrema-direita, é a solução para o Brasil, porque não cabe a uma nação séria sentir saudade de um período de trevas que nunca viveu. Isso só interessa a quem opera nas sombras, destruindo um Estado por dentro enquanto institui um Estado paralelo.

Pensem nisso e decidam entre cobrar os políticos pelo caos que se instala no Brasil, assistir ao que restará deste do sofá de casa ou tomar o próximo voo rumo ao exterior. Pois administrar é preciso!

Um forte abraço a todos e fiquem com Deus!