É preciso que o Brasil restabeleça a normalidade democrática que Lula e Bolsonaro destruíram
- Pedro Papastawridis
- 17 de mai. de 2023
- 3 min de leitura
Já não é de hoje que o Brasil vem se tornando um país em que o poste é que mija no cachorro. Ao longo dos últimos 20 anos, passamos de um país que promovia reformas administrativas e econômicas que modernizavam o Estado brasileiro para um país em que mocinhos são taxados de bandidos e bandidos são tratados como ídolos. E ontem (16/05/2023), vimos mais um pouco dessa tragédia que lulopetistas e bolsonaristas produziram em nosso país nas últimas duas décadas.
Por unanimidade, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) se contrapôs a acórdão do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) que havia deferido o registro de candidatura do ex-procurador da Operação Lava Jato e atualmente deputado federal Deltan Dallagnol. Com isso, Dallagnol, que foi eleito por seu estado com cerca de 344 mil votos, teve seu mandato de deputado federal cassado pelo TSE.
A decisão se deu na análise de recursos interpostos pelo Partido da Mobilização Nacional (PMN) e pela Federação Brasil da Esperança (PT, PC do B e PV) contra acórdão do TRE-PR. PMN e a Federação argumentaram que Dallagnol estaria inelegível, pois pediu exoneração do cargo de Procurador da República enquanto estavam pendentes análises de reclamações disciplinares, sindicâncias, pedidos de providências e Processos Administrativos Disciplinares (PADs). Ainda segundo o PMN, o então candidato pediu exoneração para afastar “a grande probabilidade de que as reclamações disciplinares e os pedidos de providências contra si fossem transformados em processos administrativos disciplinares e acabasse demitido”. Pelo visto, baixou a Mãe Dináh nessa turma do PMN, na medida em que eles davam como provável que Deltan Dallagnol futuramente responderia a um PAD.
Em suma, o julgamento do TSE se deu baseado num exercício de futurologia promovido por partidos contra uma pessoa que, juntamente com o ex-juiz Sérgio Moro e as equipes de agentes públicos da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, combateu um dos maiores esquemas de corrupção do país, esquema esse que quase quebrou uma das maiores empresas de energia do mundo (Petrobras) e colocou o Brasil numa crise econômica que persistiu durante a segunda metade da década de 2010. Enquanto isso, alguns dos que foram investigados, processados e julgados segundo a Lei, a doutrina e a jurisprudência estão soltos e ocupando funções na Administração Pública novamente.
Mas como o Brasil chegou nesse estado de coisas, em que mocinho é tratado como marginal e marginais de verdade são idolatrados por setores da sociedade? É aí que entram figuras nocivas à democracia, casos de Jair Messias Bolsonaro e Lula.
A pretexto de blindar a si próprio e seu clã de possíveis “perseguições jurídicas”, Bolsonaro se aliou ao que existe de pior no establishment brasiliense, incluindo algumas figuras que ele sempre criticou, como Valdemar Costa Neto. Com isso, foi aparelhando estruturas estatais de controle em proveito próprio, indicou para Procurador-Geral da República alguém que não constava de lista tríplice escolhida pelos membros do Ministério Público da União e colocou seus filhos para manobrarem nos Poderes Legislativo e Judiciário em favor de pautas que promovessem o desmonte do combate à corrupção no Brasil. O resultado disso foi o fim da Operação da Lava Jato, a soltura de figuras com Lula e Sérgio Cabral e a criação de um “sistema judicial garantista” que beneficia, até mesmo, marginais de beira de esquina.
Quanto a Lula, o Mensalão, o Petrolão e o sentimento de revanchismo dele e sua claque já falam por si só quando o assunto é desagregação do tecido social e do Estado Democrático de Direito brasileiro.
Diante do exposto aqui, fica evidente que o Brasil vem subvertendo uma lógica essencial a qualquer país que se queira colocar no cenário global como um ator relevante e respeitado: a de que lugar de cidadão de bem é atuando na vida social, enquanto o lugar de marginais de todos os tipos é na cadeia. No entanto, as forças políticas reinantes do país optaram por colocar Lula novamente no poder e cassar o mandato de quem tanto contribuiu para o combate à corrupção ao Brasil.
Sem ordem, não haverá progresso neste país. E sem progresso, a democracia brasileira será somente mais um jogo de palavras bonitas para frases de efeito, textos e livros de políticos, juristas e jornalistas locais. Quanto ao restante de nós, restaram a Lei a cumprir, os tributos a pagar e a mordaça que o establishment nos quer impor. Acorda, Brasil!
Um forte abraço a todos e que Deus ainda tenha alguma misericórdia desta nação!
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