Varíola dos macacos: com a palavra, o Instituto Butantan
- Pedro Papastawridis

- 23 de mai. de 2022
- 3 min de leitura
Nos últimos dias, o mundo ficou apreensivo com a detecção de casos de uma doença que só ocorria de maneira pouco frequente em regiões florestais da África Central e Ocidental. Trata-se da varíola dos macacos, um tipo de vírus silvestre que infecta macacos, mas que incidentalmente pode contaminar humanos.
Ainda sob alerta por conta dos estragos causados pela pandemia de Covid-19, diversas regiões distantes do continente africano vêm registrando casos da varíola dos macacos em seus respectivos territórios, casos do Reino Unido, Portugal, Espanha, Canadá e Austrália. Na Bélgica, a quarentena para infectados pela doença já começou a ser imposta.
Considerando que a Internet vem se tornando terreno fértil para teorias que mais desinformam e aterrorizam do que buscam esclarecer a verdade dos fatos, seguem algumas considerações sobre a varíola dos macacos feitas pelo Instituto Butantan em texto publicado em 20/05/2022.
1 – O que é a varíola dos macacos?
Trata-se de zoonose silvestre que infecta macacos, mas que incidentalmente pode contaminar humanos, ocorrendo geralmente em regiões florestais da África Central e Ocidental. A doença é causada pelo vírus da varíola dos macacos, que pertence à família dos ortopoxvírus.
2 – Sintomas da doença
Os sintomas iniciais da varíola dos macacos incluem:
Febre;
Dor de cabeça;
Dores musculares;
Dores nas costas;
Linfonodos inchados, que são pequenas estruturas do nosso organismo que funcionam como filtros para substâncias nocivas, contendo células do sistema imunológico que ajudam a combater infecções;
Calafrios;
Exaustão; e
Lesões na pele se desenvolvem primeiramente no rosto e depois se espalham para outras partes do corpo, incluindo os genitais. Essas lesões se assemelham às da catapora ou da sífilis até formarem uma crosta, que depois cai.
Frise-se que a varíola dos macacos não é o mesmo que a varíola humana, cujo grau de letalidade é muito maior e é considerada pela Organização Mundial da Saúde uma doença erradicada no mundo desde os anos 1980.
3 – Forma de contágio
No geral, a varíola dos macacos pode ser transmitida pelo contato com gotículas exaladas por alguém infectado (humano ou animal) ou pelo contato com as lesões na pele causadas pela doença ou por materiais contaminados, como roupas e lençóis.
4 – Como a doença foi identificada?
Segundo o Instituto Butantan, a varíola dos macacos foi descoberta pela primeira vez em 1958, quando dois surtos de uma doença semelhante à varíola ocorreram em colônias de macacos mantidos para pesquisa. O primeiro caso humano de varíola dos macacos foi registrado em 1970 na República Democrática do Congo, durante um período de esforços intensificados para eliminar a varíola. Desde então, a varíola dos macacos foi relatada em humanos em outros países da África Central e Ocidental.
No caso do surto atual, o primeiro caso foi identificado na Inglaterra em um homem que desenvolveu lesões na pele no início deste mês, sendo internado inicialmente num hospital de Londres, sendo transferido posteriormente para um centro especializado em doenças infecciosas até a varíola dos macacos ser confirmada em 12/05. Outro caso havia desenvolvido as mesmas lesões na pele em 30/4, sendo a doença confirmada em 13/5. Desde então, casos da doença foram identificados em outras partes da Europa, na América do Norte, Austrália e, mais recentemente, na Argentina.
5 – Vacina contra a doença
Embora uma vacina (MVA-BN) e um tratamento específico (tecovirimat) tenham sido aprovados para a varíola, respectivamente, em 2019 e 2022, essas contramedidas ainda não estão amplamente disponíveis e populações em todo o mundo dos anos 1980 até os dias atuais não costumam se imunizar mais contra a doença, cuja proteção era oferecida por programas anteriores de vacinação contra a varíola que foram descontinuados. No Reino Unido, a vacina contra varíola está sendo oferecida às pessoas de maior risco.
6 – Cuidados preventivos
Dentre as recomendações que o Instituto Butantan faz para prevenir a doença, destacam-se:
Residentes e viajantes de países endêmicos devem evitar o contato com animais doentes (vivos ou mortos) que possam abrigar o vírus da varíola dos macacos (roedores, marsupiais e primatas) e devem abster-se de comer ou manusear caça selvagem;
Higienizar as mãos com água e sabão ou álcool gel são importantes para evitar a exposição ao vírus;
Evitar contato com pessoas infectadas; e
Evitar usar objetos de pessoas contaminadas e com lesões na pele.
O momento é de cautela em relação à desinformação e de redobrar os cuidados pessoais com a higiene, a saúde e o bem-estar. Em vista disso, evitem repassar “correntes de WhatsApp”. Caso apresentem ou conheçam alguém com sintomas que indiquem se tratar de varíola dos macacos, procurem um estabelecimento de saúde para averiguação.
Um forte abraço a todos e fiquem com Deus!





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