Saúde é bem-estar e dignidade, não uma mera mercadoria!
- Pedro Papastawridis

- 27 de out. de 2020
- 3 min de leitura
Hoje pela manhã, um dos edifícios que compõem o Hospital Federal de Bonsucesso sofreu um incêndio, levando bombeiros, brigadistas e profissionais de saúde a removerem às pressas os pacientes que estavam internados no prédio. Apesar de todos os esforços para salvar as pessoas que estavam internadas ali, um paciente veio a óbito.
Para quem não conhece o Hospital Federal de Bonsucesso (o HFB), ele é uma das maiores instalações hospitalares do Brasil, ficando numa região do Rio de Janeiro que carece de estabelecimentos hospitalares em quantidade e qualidade. Somado a isso, o bairro de Bonsucesso é rodeado por comunidades carentes que dependem muito dos serviços prestados pelo HFB. Apesar disso, o hospital vinha passando por um processo de deterioração de seus equipamentos e lidando com a perda de pessoal, além da crescente influência que milicianos mantinham dentro do HFB, conforme relatado pelo falecido Gustavo Bebianno durante um encontro no Departamento de Gestão Hospitalar do Ministério da Saúde em fevereiro de 2019.
Coincidentemente, foi a partir desse relato que Gustavo Bebianno passou a ser duramente perseguido por Carlos Bolsonaro e sua claque nas redes sociais, fato que acabou resultando na exoneração de Bebianno da Secretaria-Geral da Presidência. No entanto, o foco deste texto não será em Carlos Bolsonaro, Flávio Wonka, Fabrício Queiroz, ou nas milícias de Rio das Pedras, Muzema, ou do Ecko. O foco aqui será na precarização dos serviços públicos de saúde pelo país afora, processo que vem ocorrendo desde o surgimento do Sistema Único de Saúde (SUS) na década de 1990, mas que se intensificou na última década.
Considerada um direito de todos e dever do Estado, a saúde é um direito social que foi prestigiado por nossa Constituição Federal de 1988, essa Constituição Cidadã que Ricardo Barros (PP/PR) tanto critica e tenta na base do Golpe de Estado disfarçado de Plebiscito revogar do nosso ordenamento jurídico nacional. Entretanto, quando falamos em tirar esse dever estatal do papel, esbarramos em agentes políticos que, por incompetência ou interesses pessoais, não levam adiante projetos e ações que tornem as ações de saúde acessíveis à população. E um exemplo disso vemos no sucateamento de instalações hospitalares federais, estaduais e municipais em diversas partes do nosso país.
Além do exposto acima, esbarramos na crescente presença do crime organizado no aparelho do Estado brasileiro, o que faz com que recursos públicos que deveriam ser direcionados para a prevenção e os cuidados em saúde acabem parando nos bolsos de agentes públicos corruptos, lobistas, empresários inescrupulosos, partidos políticos e paraísos fiscais. E o próprio caso da saúde pública no Estado do Rio de Janeiro nos últimos dez anos é uma evidência do aqui exposto, o que ajuda a entender por que um ex-governador está preso e o atual está afastado de suas funções.
A saúde coletiva não pode ser encarada como uma mera mercadoria. Ela deve ser tratada como garantia de bem-estar e dignidade humana. Sem isso, uma sociedade se torna doente, produz menos e mal. E isso gera danos de longo prazo no progresso da nação. Em suma, sem saúde, não há economia que prospere. E uma economia que não prospera tende a conduzir um país ao caos e à ruína. Pense nisso e cobre do Poder Público a valorização da saúde pública, pois ela é um bem de todos e serve a todos!
Um forte abraço e fiquem com Deus!





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