O cheque de Micheque está em xeque
- Pedro Papastawridis
- 1 de out. de 2020
- 3 min de leitura
Seja por estratégia de marketing de alguns políticos, ou pela audiência que a incompetência governamental costuma dar nos meios de comunicação, o tema Família Bolsonaro vem sendo destaque na imprensa e nas redes há muito tempo. Quando não é o próprio Jair falando ou agindo de maneira polêmica, são seus filhos e, até mesmo, suas ex-esposas. Porém, a bola da vez no noticiário é a atual esposa do Presidente da República, Michelle Bolsonaro.
Em meio às notícias envolvendo a incompetência gerencial e a irresponsabilidade de Bolsonaro no trato de questões como saúde, educação e finanças públicas, Michelle Bolsonaro conseguiu ganhar os holofotes devido a dois fatos que se contrapõem ao discurso presidencial em defesa da liberdade e dos valores cristãos, da família e da pátria. O primeiro fato diz respeito à tentativa de censura de uma música recém-lançada pela banda de rock Detonautas. E o segundo, trata-se do direcionamento de uma doação de R$ 7,5 milhões para ONGs ligadas à Ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, apesar de o dinheiro ter sido doado para ações de enfrentamento da Covid-19.
Sobre a tentativa de censura da música do Detonautas, que questiona na composição repasses feitos por Fabrício Queiroz à primeira-dama num total de R$ 89 mil em cheques, Michelle Bolsonaro Michelle prestou queixa na Polícia Civil de São Paulo, alegando ser vítima de ofensa, injúria, calúnia e difamação e pediu para que a obra seja retirada das plataformas digitais e seja proibida de ser executada em locais públicos ou privados. Todavia, quando instada a se manifestar sobre os cheques recebidos de Queiroz, Michelle vem mantendo silencio acerca dos depósitos feitos pelo ex-faz-tudo de Jair Bolsonaro.
Se não há nada a temer, então por que Michelle Bolsonaro se cala em relação à origem desse dinheiro depositado por Fabrício Queiroz? E cadê Jair Bolsonaro para repudiar essa conduta da primeira-dama de cercear liberdades individuais, que tanto Jair Messias alega defender quando critica o uso de máscaras ou a obrigatoriedade de vacinação contra a Covid-19?
O segundo fato que vem mantendo Michelle nos holofotes diz respeito ao redirecionamento de R$ 7,5 milhões doados pela empresa Marfrig ao Ministério da Saúde. Essa doação, feita com o objetivo de auxiliar na aquisição de testes para detecção da Covid-19, acabou sendo repassada para o Arrecadação Solidária, vinculado ao programa Pátria Voluntária, coordenado por Michelle Bolsonaro. Depois, o dinheiro foi repassado do Arrecadação Solidária, sem edital de concorrência, a instituições aliadas da ministra Damares Alves para, supostamente, comprar e distribuir cestas básicas.
Uma lição de vida que aprendi com minha mãe é a de que a pessoa que não é honesta e correta para as pequenas coisas muito menos o será para as coisas grandes. Em vista disso, devemos trabalhar para sermos pessoas capazes de transformar o mundo num lugar melhor e termos somente o que Deus nos permitiu conquistar de maneira digna. Assim, é de se repudiar a postura de uma primeira-dama que se cala em relação a recursos recebidos de um indivíduo que vem sendo investigado por envolvimento com esquemas de rachadinhas e que possui conexões com integrantes das milícias fluminenses. E é preciso repudiar e cobrar dos órgãos de controle interno e externo, que são pagos com o dinheiro dos nossos impostos para servir a todos, a responsabilização de quem deu causa ao redirecionamento de milhões doados para a Covid-19 em benefício de aliados de aliados do governo.
O desenvolvimento de uma nação está diretamente relacionado com o bom uso que administradores públicos fazem do dinheiro público, o que significa aplicar somente o necessário na coisa certa e no momento certo. Se um gestor, que gosta de citar versículos bíblicos e ostentar um discurso segundo o qual se coloca como alguém não envolvido em corrupção, não dá o exemplo dentro de sua própria casa, o que dirá com os trilhões arrecadados de quem não é seu parente.
Portanto, não se enganem com esse papo furado de políticos patrimonialistas e seus lacaios de que o que eles fazem é diferente do que o PT fazia à época do Mensalão e do Petrolão. Não existe essa de “corrupcinha” ou “corrupção do bem”. Não prestou contas de seus atos , desviou de finalidade recursos de natureza pública e tentou perseguir quem critica e combate a corrupção, então corrupto também é, pois não há maior corrupção para uma nação que a sua apropriação em benefício de alguns que tentam subverter os valores fundamentais de um Estado Democrático de Direito. Pensem nisso e não se calem de colocar em xeque o cheque de Micheque.
Um forte abraço a todos e fiquem com Deus! E não deixem de aproveitar este Dia Internacional do Café lendo o livro “República das Banânias”, disponível na Amazon.
Comments