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Eleições 2022: uma breve análise e o que esperar do 2º turno presidencial

  • Foto do escritor: Pedro Papastawridis
    Pedro Papastawridis
  • 3 de out. de 2022
  • 3 min de leitura

Com cerca de 156 milhões de eleitores, o Brasil experimentou ontem (02/10/2022) mais uma festa da democracia. Com cinco cargos em disputa (presidente, governador, senador, deputado federal e deputado estadual/distrital), milhões de brasileiros espalhados por todo o mundo viram um 1º turno eleitoral marcado por muita torcida, muita tensão e, como não poderia deixar de ser num jogo democrático, muitas surpresas proporcionadas pelo voto popular.


Conforme projetado inicialmente pela maioria das pesquisas, haverá um segundo turno para Presidente da República entre Lula e Bolsonaro. O que surpreendeu foi a diferença entre ambos, que ficou bem aquém do que as pesquisas eleitorais projetavam.


Alguns fatos ajudam a entender o porquê de a diferença entre Lula e Bolsonaro nas urnas ter ficado abaixo da metade do que o agregado dos principais institutos de pesquisas levantou ao longo da semana que antecedeu o 1º turno:


  • O caráter amostral das pesquisas, que trabalham com amostras de milhares de pesquisados, enquanto o universo de eleitores brasileiros é de quase 156 milhões de pessoas;

  • A metodologia de amostragem empregada, visto que critérios como renda, escolaridade e religião costumam apresentar frequências relativas distintas de instituto para instituto, não refletindo, muitas vezes a composição desses critérios no universo estatístico do qual se extraiu a amostra;

  • A forma como se dá a coleta de dados, pois alguns institutos de pesquisas utilizam a pesquisa telefônica, enquanto outros utilizam a presencial; e

  • A dificuldade de se apurar de maneira fidedigna a influência de fatores como abstenção, rejeição e o “voto útil” sobre a escolha do eleitorado ao longo do tempo e, sobretudo, na véspera do voto.


Um outro fato que chamou a atenção na apuração do 1º turno foi a resiliência do bolsonarismo em relação ao lulopetismo nos três maiores colégios eleitorais do país (São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro), que respondem por quase 40% do eleitorado nacional. Enquanto as principais pesquisas eleitorais apontavam para vitórias, ainda que apertadas, de Lula sobre Bolsonaro em São Paulo e Rio de Janeiro, o que se viu nas urnas foi uma vitória de Jair Messias sobre Lula nos dois estados mais ricos do Brasil. Em vista disso, e considerando que as demais regiões nacionais não devem reverter a tendência eleitoral no 2º turno, Lula e Bolsonaro devem concentrar suas energias em São Paulo, Minas e Rio.


Um evento que passou despercebido pelos principais veículos de comunicação durante a apuração foi o ganho substancial de deputados federais e senadores nos três partidos que encabeçam a chapa de Bolsonaro (PL, PP e Republicanos). Juntas, as 3 legendas ocuparão, numa estimativa inicial, 23 das 81 cadeiras do Senado Federal e 188 das 513 cadeiras da Câmara dos Deputados. Dito de outro modo, Lula ou Bolsonaro terá que lidar com um Congresso Nacional mais concentrado ainda nas mãos do Centrão, o que deve impulsionar acordos políticos que custam muito caro ao Brasil e aos brasileiros, como a barganha de cargos públicos no Poder Executivo e o orçamento secreto.


Como o 2º turno está apenas começando, o momento é de os dois candidatos presidenciais tentarem costurar alianças com os demais candidatos que ficaram para trás, casos de Ciro Gomes e Simone Tebet; com partidos de centro, como PSD e a federação PSDB-Cidadania; e buscar reforçar palanques regionais com deputados federais, senadores e governadores eleitos, além dos candidatos de estados que terão 2º turno para governador.


Entretanto, o principal fiel da balança para o próximo dia 30 de outubro ainda continuará sendo a fonte de todo o poder nesta república: o povo brasileiro. Com uma abstenção nas urnas de 20,95% no 1º turno e uma rejeição popular muito grande em relação aos dois presidenciáveis em disputa, Lula e Bolsonaro terão que fazer muito mais que prometerem R$ 600,00 de Auxílio Brasil para atrair ou “virar” milhões de votos de brasileiros que convivem diariamente com a estagflação, o desemprego, a perda gradual do poder de compra do salário mínimo, a violência das ruas e os impactos nefastos da corrupção e do orçamento secreto sobre o bem-estar geral da nação. Afinal de contas, todo o poder emana do povo e a este deve servir.


Um forte abraço a todos e fiquem com Deus!

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©2020 por Pedro Papastawridis em: Blog do Papa (blogdopapa.com).

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