Com escassez de semicondutores no mundo, quem ganha no Governo Federal com a liquidação do CEITEC?
- Pedro Papastawridis
- 16 de jun. de 2021
- 3 min de leitura
Enquanto este texto é produzido, indústrias dos mais variados setores da economia mundial deixam de gerar bilhões de dólares por conta da escassez de semicondutores.
Mas o que é um semicondutor?
Segundo o site Mundo da Elétrica, semicondutores são materiais que possuem uma resistência elétrica intermediária entre os materiais isolantes (como a madeira e a borracha) e os materiais condutores (como o cobre e o alumínio), sendo a resistência elétrica a oposição que os materiais têm à passagem da corrente elétrica. Ainda segundo o Mundo da Elétrica, os materiais semicondutores não são capazes de conduzir energia elétrica em condições naturais, precisando ter seus átomos agrupados para ganharem estabilidade. Quando esse agrupamento ocorre, esses materiais se tornam condutores de eletricidade.
Os principais elementos semicondutores existentes na natureza são o silício e o germânio, sendo empregados na fabricação de componentes eletrônicos como microprocessadores, chips, nanocircuitos, LEDs, dentre outros. Em vista disso, tornam-se fundamentais a diversas cadeias de valor, com destaque para as indústrias automobilística, de informática e de produtos eletroeletrônicos em geral.
Atualmente, grande parte da demanda por semicondutores é suprida por empresas sediadas nos Estados Unidos, Europa, Japão, China e Tigres Asiáticos. Ainda assim, a oferta atual é insuficiente para atender a indústrias cada vez mais apoiadas em tecnologias que demandam o uso de componentes eletrônicos.
O resultado dessa escassez de semicondutores pela qual o mundo passa se reflete na paralisação de linhas de produção e no encarecimento de bens e serviços que demandam componentes eletrônicos. No Brasil, por exemplo, algumas montadoras de veículos já reduziram o volume de produção por conta da falta de chips para a indústria automobilística e aumentaram os preços de tabela de grande parte dos modelos atualmente disponíveis.
E o que o governo brasileiro resolveu fazer em meio a essa escassez de semicondutores? Simplesmente decidiu pela extinção da única fábrica de semicondutores do Hemisfério Sul, o Centro de Excelência em Tecnologia Eletrônica Avançada (CEITEC).
Localizado em Porto Alegre/RS, o CEITEC, é uma empresa pública vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), atuando no segmento de semicondutores e desenvolvendo soluções para identificação automática (RFID e smartcards) e para aplicações específicas. Por ficar a cargo de atribuições como projetar, fabricar e comercializar circuitos integrados, o CEITEC desempenha um papel estratégico no desenvolvimento da indústria de microeletrônica do Brasil.
Segundo o próprio CEITEC descreve em seu site, a importância da microeletrônica é muito grande para um mundo cada vez mais conectado e automatizado, sendo o elemento central que possibilita oferecer produtos e sistemas com cada vez maior valor agregado para diferentes setores, como Internet das Coisas, Cidades Inteligentes, Indústria 4.0, Agronegócio 4.0, Saúde 4.0, dentro outros.
Ao resolver fechar a única empresa de semicondutores do Hemisfério Sul capaz de atender tantas indústrias com alto valor agregado, o Governo Federal, capitaneado por Bolsonaro e seu lacaio da Economia (Paulo Guedes), contribui para um retrocesso científico-tecnológico cada vez maior do país, aumentando a dependência de setores da economia nacional em relação a insumos produzidos no exterior. E isso não só encarece o custo total de produção de diversos itens, mas também submete o Brasil à boa vontade de outros países em atender um anão diplomático como o Governo Bolsonaro. E os danos dessa dependência de insumos estratégicos provenientes do exterior estamos vendo na área de equipamentos de saúde, vacinas e medicamentos para auxiliar no combate da pandemia de Covid-19.
Diante do exposto, ficam as seguintes reflexões sobre mais essa perda de conhecimento científico e de know-how tecnológico em solo tupiniquim: quem no Governo Federal (ou associado a ele) está ganhando com a liquidação do CEITEC? Por que não investir na diversificação, aumento de capacidade e modernização das práticas de gestão dessa empresa tão importante para a inserção do país na economia 4.0?
Um forte abraço a todos e fiquem com Deus!
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