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A privatização dos Correios e o impulso que falta ao Brasil rumo à economia 4.0

  • Foto do escritor: Pedro Papastawridis
    Pedro Papastawridis
  • 17 de set. de 2020
  • 3 min de leitura

De tempos em tempos, Bolsonaro e seus auxiliares falam na privatização dos Correios, quando querem fazer algum tipo de aceno para o eleitorado com viés liberal. Todavia, mais que uma decisão de governo, a privatização dos Correios, no todo ou em parte, representa um impulso de iniciativa governamental em direção a uma economia nacional 4.0.

E o que vem a ser essa tal “economia 4.0”?

Antes da Revolução Industrial que começou no continente europeu no século XVIII, as cadeias de valor de diversos itens eram difusas e com baixo nível de sistematização de atividades. Muito do que era produzido era feito de maneira artesanal. Com isso, não havia volume de produção que resultasse em economias de escala operacional e, muitas vezes, sequer existia um mínimo de padronização no que era produzido.

Veio a Revolução Industrial na Inglaterra e, com ela, uma mudança de patamar na forma como as coisas eram produzidas: sai o conhecimento holístico do que era produzido e entra a especialização em processos de trabalho. Também começavam a surgir economias de escala em setores como o têxtil e o siderúrgico.

Porém, ainda faltavam à “economia 2.0” advinda da Revolução Industrial método gerencial e tecnologia que resultassem em reduções sistemáticas de custos dos produtos com qualidade, agilidade, confiabilidade e flexibilidade, os chamados “objetivos de desempenho” da Administração da Produção. Isso só veio a ocorrer após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), contando, para tanto, com o conhecimento produzido pela escola clássica (de Taylor, Fayol, Ford e Weber) e pelo modelo japonês de administração. E, é claro, com o surgimento dos primeiros computadores e sua aplicação dentro das organizações.

O que estudiosos e especialistas e Administração e Negócios chamam de economia 4.0 vai além de tudo o que foi descrito acima. Trata-se de programar toda a cadeia de valor dos bens e serviços, de maneira a serem desenvolvidos e ofertados com o mínimo de intervenção humana ao longo da geração de valor. Estamos falando do emprego de equipamentos com recursos de IoT (Internet das Coisas em inglês), da inteligência artificial para a tomada de decisão dentro dos processos produtivos e da automatização das linhas de produção. Tudo isso integrado e gerenciado em tempo real e de maneira remota. E a logística é um fator crítico de sucesso para garantir a otimização plena dessas cadeias.

Considerada um dos maiores operadores logísticos do Brasil, a Empresa de Correios e Telégrafos (os Correios) é hoje um dos principais símbolos da ineficiência do aparelho do Estado, não importando se este é aparelhado pelo PSDB, pelo PT, ou pelos Bolsonaros. Trata-se de uma empresa lenta, cara e com pouca capacidade de resiliência e adaptação. E as constantes reclamações de empresas e consumidores acerca dos serviços prestados pelos Correios durante a pandemia de Covid-19 ilustram muito bem isso. Ademais, o Mensalão mostrou que os Correios são um dos principais cabedais de políticos e grupos políticos fisiológicos e corporativistas, tal como ocorre em variadas proporções na Petrobras e na Caixa (o Petrolão que o diga).

Em vista disso, e tendo em vista que a espinha dorsal da logística de distribuição de diversos produtos passa pela atuação dos Correios, é preciso estabelecer um processo de desestatização que torne essa empresa mais ágil e conectada com os novos tempos, o que pode ser feito via: privatização total, transferindo 100% da empresa para a iniciativa privada; ou parcial, mantendo o controle acionário do Estado brasileiro sobre a empresa, tal como se verifica com um certo grau de êxito no Banco do Brasil. Daí, é uma decisão governamental, que precisa ser tomada logo. Caso contrário, o Brasil continuará tentando alcançar os demais países que estão à frente na economia 4.0 segurando uma pipa em cima de um skate, enquanto espera o vento certo dar um impulso para alcançar quem se desloca de avião.

Um forte abraço a todos e fiquem com Deus!

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©2020 por Pedro Papastawridis em: Blog do Papa (blogdopapa.com).

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